Nestes tempos que vivemos
O consumismo foi
acirrado em todo o mundo, principalmente entre as duas maiores potências
económicas - EUA e China .
Já vem do século XX, mas
este século XXI, tem visto aumentar de forma flagrante as tecnologias e a
pressão sobre as populações, a maioria delas indefesas, porque sem preparação
para entenderem onde estão enredadas.
A Internet, que era um instrumento inimaginável
há umas décadas atrás, sendo excelente para divulgar conhecimentos abertos a
todos, veicula de forma subtil as
mensagens de acesso aos artigos de consumo mais supérfluos como se fossem
vitais; desprotege o individuo com a recolha arbitraria de dados dos utentes os quais depois são
comercializados e redistribuídos pelos poderes económicos dominantes;
-a robótica que
ameaça o trabalho de milhões de pessoas sob a perspectiva anunciada de
facilitar as condições de vida;
- a Inteligência
artificial (IA) que pode reproduzir, como sendo fiéis, os depoimentos e até as
imagens de pessoas sem que estas tenham sequer conhecimento de estarem a ser
usadas por desconhecidos. O consumo de energia a que a IA obriga representa um
maior desafio para o equilíbrio das sociedades e duvida-se que escape ao
controle das elites que a controlam, e em evidente prejuízo da sociedade em geral:
-as redes sociais
que, sendo atraentes para milhões de pessoas, acabam por esvaziar o
relacionamento directo, com particular incidência nos jovens, limitando as suas relações pessoais a
diálogos curtos e mercantilizados e muitas vezes incentivando a praticas criminosas e até a
suicídios entre os espíritos mais frágeis - são tudo práticas que escapam a
uma regulação que as responsabilizasse e
disciplinasse.
A intromissão de uma
máquina inteligente nas decisões das pessoas. dispensando a necessidade do ser
humano nas actividades produtivas, é um esvaziamento da criatividade do
trabalhador e da personalidade individual de cada um - e transmite a sensação
da sua inutilidade.
Mas para mim estas
ferramentas do capitalismo consumista são só aparentemente indestrutíveis, mas vão
acabar por ser diferentes num futuro mais ou menos próximo (a imaginação e a
sensibilidade inerentes ao ser humano não aguentam algemas por muito tempo)e
daí que eu tenha a crença do aparecimento
dum tempo com sistemas resilientes servindo de foco a este século XXI a
debater-se com tantas situações - adversas umas vezes e tantas
outras triunfantes.
Por isso a mim não soa exagerada a confiança de
Jonathan Grary quando escreve: “Há
quem veja com preocupação que as apregoadas capacidades da inteligência
artificial, das redes 5G e da internet das coisas coincidam num dispositivo
panóptico funcional de controlo social, mas isso nunca vai acontecer. A realidade será antes um mosaico de sistemas
e componentes concorrenciais e incompatíveis,
que resultam em falhas, avarias e ineficiências. A lógica
capitalista de ruptura permanente por via da obsolescência programada, da
crescente complexidade técnica, da redução de custos e da introdução apressada
de actualizações desnecessárias, esbarra na estabilidade necessária ao
funcionamento eficiente do controlo autoritário.
As temíveis
previsões de um futuro totalizante de vigilância e regulação digital não são só
exageradas, impedem-nos de perceber como somos realmente livres de recusar as
ordens do império e de adoptar estilos de vida alternativos.”
Os sistemas com base
no colectivismo que perduraram algumas
décadas do século XX, revelaram-se incapazes de dar a prometida satisfação
às populações e o Bloco soviético desmoronou-se, escapando ao poder russo todos
os países que o conseguiram – e na Rússia instalou-se uma ditadura proto- fascista, com um novo czar
a dispor dos bens do pais; e na China embora se mantenha, como se disse, um
partido único, o Partido Comunista, a prática
social e económica é a de um capitalismo desenfreado, que não deixa de enfrentar e até supera, em vários aspectos, o que efectua como
politica liberal de que os EUA foram sempre o exemplo máximo.
Se, na verdade, a
actual política generalizada de exploração de recursos e de consumismo
galopante não pode durar muito, havendo quem considere que estamos a
abeirar-nos do abismo, a tal autoridade suprema e despótica. como imaginou
Orwell no seu Big Brother , não se afigura viável numa Humanidade cada vez mais
conhecedora da realidade. Não arrisco
profetizar que sociedade teremos nesse futuro que já não é longínquo, mas nunca
será nem a continuação deste capitalismo consumista, financeirizado, corrupto e
predador da Biosfera, mas também não será o colectivismo castrador das
personalidades individuais e da liberdade de expressão e de acção dos seres
humanos.
…..
Depois de ter escrito textos que antecedem esta publicação (que constarão de um livro, a sair, como espero) o Mundo esbarra com o pior que o capitalismo financeiro já nos tinha dado a conhecer, e deu-se com a chegada à Presidência dos EUA de Donald Trump, a figura patética e irrisória, mas malfazeja, que seria impensável ser aceite por gente minimamente sensata e de inteligência sã. MAS FOI!
O seu exemplo não
difere do de Putin, só que por enquanto as instituições democráticas norte
americanas ainda funcionam e podem sempre (poderão mesmo ?...) aguentar o descalabro das liberdades
fundamentais.
Mas isto acontece
numa altura em que uma espécie de Internacional Fascista adquire força na
Europa e no mundo, com alguns países, que já conheceram a pata do comunismo, estarem a ser governados nesse tipo de democracia iliberal. E a extrema-direita adquire
cada vez mais força, sendo difícil prever o futuro a curto prazo (é a tal minha
confiança na resiliência da Humanidade…).
Começam a evidenciar-
se personalidades que associam o seu aspecto patético às ideias mais
profundamente liberalistas e de puro negócio, iliberais, antidemocráticas, mas
com o apoio – é indiscutível – de grandes massas populares. Já foi assim antes
da 2ª Grande Guerra com as figuras icónicas e patéticas de Mussolini ou de
Hitler.
Uma delas, hoje, é Milei , da Argentina, que chefia uma política
de rotura e de afrontamento dos valores sociais, em nome do comércio e da
chantagem social… Pois em Portugal já granjeou o apoio de militantes da
Iniciativa Liberal , que no bom caminho do liberalismo anti-social, já disseram
que se uma empresa rebentar não se pode
pedir ao Estado que entre com fundos de
recuperação,
Este o panorama que
nos espera a partir das ideias ofensivas de Trump e de tantos como ele que por
aí proliferam e o copiam. A desinformação e a negação da ciência (quando ela
contraria os negócios) passam a ser a lei - triste mundo este que recua nos
valores fundamentais da humanidade.
Ainda vamos ficar
gratos à China por colocar um travão aos desmandos ocidentais.
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