segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

 Nestes tempos que vivemos


O consumismo foi acirrado em todo o mundo, principalmente entre as duas maiores potências económicas   - EUA e China .

Já vem do século XX, mas este século XXI, tem visto aumentar de forma flagrante as tecnologias e a pressão sobre as populações, a maioria delas indefesas, porque sem preparação para entenderem onde estão enredadas.

 A Internet, que era um instrumento inimaginável há umas décadas atrás, sendo excelente para divulgar conhecimentos abertos a todos, veicula  de forma subtil as mensagens de acesso aos artigos de consumo mais supérfluos como se fossem vitais; desprotege o individuo  com a recolha arbitraria de dados dos utentes os quais depois são comercializados e redistribuídos pelos poderes económicos dominantes;

-a robótica que ameaça o trabalho de milhões de pessoas sob a perspectiva anunciada de facilitar as condições de vida;

- a Inteligência artificial (IA) que pode reproduzir, como sendo fiéis, os depoimentos e até as imagens de pessoas sem que estas tenham sequer conhecimento de estarem a ser usadas por desconhecidos. O consumo de energia a que a IA obriga representa um maior desafio para o equilíbrio das sociedades e duvida-se que escape ao controle das elites  que  a controlam, e em evidente prejuízo da sociedade em geral:

-as redes sociais que, sendo atraentes para milhões de pessoas, acabam por esvaziar o relacionamento directo, com particular incidência nos jovens,  limitando as suas relações pessoais a diálogos curtos e mercantilizados e muitas vezes  incentivando a praticas criminosas e até a suicídios entre os espíritos mais frágeis - são tudo práticas que escapam a uma  regulação que as responsabilizasse e disciplinasse.

A intromissão de uma máquina inteligente nas decisões das pessoas. dispensando a necessidade do ser humano nas actividades produtivas, é um esvaziamento da criatividade do trabalhador e da personalidade individual de cada um - e transmite a sensação da sua inutilidade.

Mas para mim estas ferramentas do capitalismo consumista são só  aparentemente indestrutíveis, mas vão acabar por ser diferentes num futuro mais ou menos próximo (a imaginação e a sensibilidade inerentes ao ser humano não aguentam algemas por muito tempo)e daí  que  eu tenha a crença do aparecimento dum tempo com sistemas resilientes servindo de foco a este século XXI a debater-se com tantas situações  - adversas  umas vezes e tantas outras triunfantes.

Por isso a mim não   soa exagerada a confiança   de Jonathan  Grary  quando escreve: “Há quem veja com preocupação que as apregoadas capacidades da inteligência artificial, das redes 5G e da internet das coisas coincidam num dispositivo panóptico funcional de controlo social, mas isso nunca vai acontecer.  A realidade será antes um mosaico de sistemas e componentes concorrenciais e incompatíveis, que resultam em falhas, avarias e ineficiências. A lógica capitalista de ruptura permanente por via da obsolescência programada, da crescente complexidade técnica, da redução de custos e da introdução apressada de actualizações desnecessárias, esbarra na estabilidade necessária ao funcionamento eficiente do controlo autoritário.

As temíveis previsões de um futuro totalizante de vigilância e regulação digital não são só exageradas, impedem-nos de perceber como somos realmente livres de recusar as ordens do império e de adoptar estilos de vida alternativos.”

Os sistemas com base no colectivismo que perduraram algumas  décadas do século XX, revelaram-se incapazes de dar a prometida satisfação às populações e o Bloco soviético desmoronou-se, escapando ao poder russo todos os países que o conseguiram – e na Rússia instalou-se  uma ditadura proto- fascista, com um novo czar a dispor dos bens do pais; e na China embora se mantenha, como se disse, um partido único, o Partido Comunista, a prática  social e económica é a de um capitalismo desenfreado, que não deixa  de enfrentar e até supera,  em vários aspectos, o que efectua como politica liberal de que os EUA foram sempre o exemplo máximo.

Se, na verdade, a actual política generalizada de exploração de recursos e de consumismo galopante não pode durar muito, havendo quem considere que estamos a abeirar-nos do abismo, a tal autoridade suprema e despótica. como imaginou Orwell no seu Big Brother , não se afigura viável numa Humanidade cada vez mais conhecedora  da realidade. Não arrisco profetizar que sociedade teremos nesse futuro que já não é longínquo, mas nunca será nem a continuação deste capitalismo consumista, financeirizado, corrupto e predador da Biosfera, mas também não será o colectivismo castrador das personalidades individuais e da liberdade de expressão e de acção dos seres humanos.

 

 

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Depois de ter escrito textos que antecedem esta publicação (que constarão de um livro, a sair, como espero) o Mundo esbarra com o pior que o capitalismo financeiro já nos tinha  dado a conhecer, e deu-se com a chegada à Presidência dos EUA de Donald Trump, a figura patética e irrisória, mas malfazeja, que seria impensável ser aceite por gente minimamente sensata e de inteligência sã. MAS FOI!  

O seu exemplo não difere do de Putin, só que por enquanto as instituições democráticas norte americanas ainda funcionam e podem sempre (poderão mesmo ?...)  aguentar o descalabro das liberdades fundamentais.

Mas isto acontece numa altura em que uma espécie de Internacional Fascista adquire força na Europa e no mundo, com alguns países, que já conheceram a pata do comunismo, estarem a ser governados nesse tipo de democracia iliberal. E a extrema-direita adquire cada vez mais força, sendo difícil prever o futuro a curto prazo (é a tal minha confiança na resiliência da Humanidade…).

Começam a evidenciar- se personalidades que associam o seu aspecto patético às ideias mais profundamente liberalistas e de puro negócio, iliberais, antidemocráticas, mas com o apoio – é indiscutível – de grandes massas populares. Já foi assim antes da 2ª Grande Guerra com as figuras icónicas e patéticas de Mussolini ou de Hitler.

Uma delas, hoje, é  Milei , da Argentina, que chefia uma política de rotura e de afrontamento dos valores sociais, em nome do comércio e da chantagem social… Pois em Portugal já granjeou o apoio de militantes da Iniciativa Liberal , que no bom caminho do liberalismo anti-social, já disseram que se uma empresa rebentar não  se pode pedir ao  Estado que entre com fundos de recuperação,

Este o panorama que nos espera a partir das ideias ofensivas de Trump e de tantos como ele que por aí proliferam e o copiam. A desinformação e a negação da ciência (quando ela contraria os negócios) passam a ser a lei - triste mundo este que recua nos valores fundamentais da humanidade.

Ainda vamos ficar gratos à China por colocar um travão aos desmandos ocidentais.

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