É uma desilusão esta anunciada Reforma Florestal, que anuncia o caminho que parece inevitável da privatização geral de todo o património publico português. Agora já nem os baldios escapam, com a "luminosa" ideia de os incluir em associações de proprietários.
O Estado abdica, a pouco e pouco, de tudo quanto é domínio e controle de actividades económicas, embora o palavreado político usado seja o das "grandes metas do desenvolvimento!. Tanto faz um Governo de direita como um dito de esquerda ...
Nesta intitulada reforma, a grande novidade é a actividade dos sapadores florestais e o seu reforço em efectivos - mas então são os sapadores que vão garantir a vigilância da área florestal e as acções de apoio aos proprietários, em especial os do minifundio florestal? Claro que o aumento dos efectivos dos sapadores florestais é acertada, mas isso não invalida as outras lacunas que permanecem.
Fica de vez arredada a recuperação da quadrícula das casas e postos florestais e seus guardas que durante décadas olharam pela floresta e evitaram a propagação dos incêndios para grande proporções. É um encargo que o Estado deita fora, embora o menos Estado para melhor ( pior) Estado já deu e continuará a dar a perda de dignidade e de receitas publicas a favor dos privados. Ora, nem socialismo científico nem liberalismo libertino !!
Eu fui Administrador Florestal e sei como eram as coisas : mal se elevava uma coluna de fumo no horizonte, havia sempre um guarda florestal que a via e comunicava aos Serviços, possibilitando o combate atempado ao sinistro.
O abandono da vigilância e da permanência no terreno ao longo do ano, que os guardas florestais garantiam , permitiu as grandes dimensões que os fogos passaram a ter. E quem lucra com isso? Lucra o negócio de milhões dos meios aéreos de combate aos fogos ( até há hoje um antigo Ministro envolvido nesse escândalo) e lucra o negócio das madeiras semi ardidas que se instalou no sector florestal.
Lá pelo facto de a grande maioria da área florestal ser privada, tal não invalida que o controle e a supervisão desse recurso natural renovável seja uma obrigação do Estado.
Os Serviços Florestais tinham problemas? Reformulavam-se os serviços, não se extinguiam.
Veremos, infelizmente, que esta reforma não vai acabar com a tragédia dos incêndios florestais, mas vai continuar muita gente a lucrar com misso.
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