A hipocrisia das nossas democracias
e o confronto Castela - Catalunha
A farsa trágica em que se está a transformar a tentativa de independência da Catalunha, dá bem a noção da hipocrisia que domina nas nossas democracias europeias, para falar só do nosso continente.
Eu insisto - e desenvolvi anteriormente - que a Espanha é uma invenção de Castela, uma forma de oprimir outros povos peninsulares com a miragem duma legalidade e duma integridade de um país que à força arrebanhou os outros povos vizinhos.
Já mais que uma vez neste espaço eu denunciei a falta de respeito pela vontade dos catalães e a falta de solidariedade europeia e portuguesa pelo povo catalão, a quem é negado o direito que nós, portugueses, reclamámos para nós e pelo qual lutámos durante séculos; apenas fomos mais afortunados que catalães e bascos que sonham com o mesmo objectivo.
Podemos considerar que os independentistas não actuaram da melhor forma neste processo, mas o Governo dos castelhanos de Madrid ultrapassou todos os limites que devem nortear o exercício da política em democracia.
A prisão sucessiva dos lideres catalães e a sua perseguição através da Europa são uma vergonha e são também o sinal do caminho resvalante em que assenta o exercício do Poder em muitos países da Europa. Alguns países, como a Bélgica, ainda dão a saber ao mundo que não alinham nos actos persecutórios de políticos por razões de liberdade de expressão e de opinião; mas já a Alemanha dá sinal contrário, veremos o que vai fazer no final do processo de prisão do Presidente eleito da Catalunha.
Em Portugal poucas são as vozes que se levantam na comunicação social contra a situação que Castela está a promover. A hipocrisia ou a indiferença campeiam entre nós, Mas há algumas vozes...
Há dias no Publico Manuel Loff começava um extenso texto com estas palavras "O Estado espanhol passou todas as marcas na sua campanha punitiva do independentismo catalão."
Um Manifesto a favor da liberdade dos presos políticos saíu ,pelo menos que eu saiba, no jornal Publico.
E Miguel Esteves Cardoso que já anteriormente se manifestara abertamente contra a atitude castelhana, escreveu na sua coluna habitual também no Publico e intitulada "A nossa vergonha" :" Querer que a Catalunha seja independente não pode ser, por definição, uma traição à Espanha. Os independentistas só podem trair o país que consideram ser o deles : a Catalunha" e termina "...é uma vergonha europeia e uma vergonha portuguesa. É também uma hipocrisia flagrante.".
Se Madrid não entrar por um processo de revisão da Constituição que preveja o caminho do Estado Federal, ninguém pode garantir que a "Espanha" não venha com o tempo a transformar-se num barril de pólvora, com os seus povos a quererem sacudir a pata castelhana, a bem ou a mal.
Para já a democracia musculada , que já existe em vários países que até há poucos anos eram democracias aceitáveis, está a expandir-se lenta mas inegavelmente - e já chegou a Castela.
Sem comentários:
Enviar um comentário