Áreas Protegidas
Para as pessoas que
se empenharam a partir de 1976 no Serviço Nacional de Parques , Reservas e Património Paisagístico,
deslocando-se com família para longe de casa, em condições exíguas para dar
início a tão importante projeto, o malogro das Áreas Protegidas é tanto, que
pensei dar início ao tema, primeiro evocando-o em título em jeito de
indignação, prosseguindo com questões do Ordenamento do Território que foram a
principal razão da minha vida profissional.
Agora penso já ser tempo e começo referindo que a eleição
dos Parques Naturais teve como ponto de partida a consideração de áreas
regionais com elevado valor ambiental , sendo que os fatores presentes iam das
causas mesológicas às antropológicas. Pensávamos, os colegas do Serviço, que
este empenhamento podia ser exemplar, procurando levar as populações ao
encontro da sua história e cultura, dando continuidade nos tempos atuais às suas raízes, valorizando-as de forma a
proporcionar-lhes uma economia ecológica. Efetivamente estávamos convencidos
como hoje que só essa economia, pela sua coerência, pode projetar os autóctones
para um futuro interessante, usando por
ventura ferramentas atuais.
Tal paradigma, pensávamos então, deveria ser exemplar para
todo o Território pois isso seria valorizador
da Nação.
Quão longe estamos hoje com a fusão de tais perspetivas ,
num Serviço com a exploração florestal onde
frequentemente os objetivos são mesmo antagónicos.
Fixar as pessoas ao seu meio procurando dar-lhes condições
de felicidade, nada tem a ver por exemplo com uma exploração de eucalipto industrial que emprega uma pessoa
por cada 300 hectares de plantação. Sim. por mais eficiente que seja o método
ele nada tem a ver com o Mundo Rural que então procurávamos valorizar, partindo
da sua vocação, e por isso estamos perante uma contradição insanável.
Lugares de elevado valor ecológico ainda que por vezes de pouca
dimensão tornavam-se numa Reserva Natural. Por exemplo os sapais, cujo solo
possui por volume a maior biomassa do mundo, com consequências decisivas na criação de peixes, pelo habitat
de especial riqueza e tranquilidade para a sua fase juvenil. Tais áreas eram merecedores de especial consideração.
Vejamos agora as
Áreas de Paisagem Protegida pegando por exemplo na Costa Vicentina. Se
realmente se não tivesse havido este estatuto aquela faixa de elevado valor
estético certamente teria sido ocupada por uma ocupação em banda paralela à
costa, retirando-lhe o seu elevado valor ambiental.
J.Reis Gomes arqtº paisagista
( O autor escreve de acordo com o AO de 90)
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