RENOVAÇÃO DA
POLÍTICA FLORESTAL ?
Tudo
o que se escreve aqui já foi dito inúmeras vezes, mas nunca é demais repetir
quando parece que se renova a esperança!
De
acordo com uma recente reportagem do “Público”
há esperança numa renovação da política florestal, de acordo com declarações do
novo Secretário de Estado das Florestas. Primeiro os guardas florestais
voltarão ao Ministério da Agricultura, o que pressupõe naturalmente que volte a
ser criada uma autoridade florestal nacional que desapareceu com a extinção dos
Serviços Florestais, medida que deve ser considerada criminosa e devia
responsabilizar quem a executou. Pode
inferir-se de declarações por ele feitas
; “Os guardas e os sapadores serão, em
muitos territórios, as únicas pessoas que lá estão”
No
nosso país, esta democracia que demorou tantas décadas a ser implantada e que
devia estar consolidada, continua coxa, e assim continuará enquanto os políticos
que governam não forem responsabilizados pelos suas medidas e políticas lesivas do bem estar colectivo.
Precisa-se
de medidas práticas mas menos retórica e menos teorias complicadas como têm surgido em catadupas desde que voltou a
falar-se desta problemática.
Para
os guardas estarem no terreno uma primeira medida prática e que não
precisa de novos diplomas legais, será a definição duma nova quadrícula de
casas e postos florestais. As novas tecnologias permitem que essa
quadricula seja revista e certamente com menor expressão, e para isso basta o estudo consciencioso a fazer pelos técnicos
florestais e por académicos do sector
que os há com grande sabedoria.
Os
guardas florestais estão reduzidos a cerca de 300 e muitos já envelhecidos, mas
não esqueceram o que sabiam da sua vida activa anterior ;uma segunda medida,
a formação de novos guardas
florestais é uma obrigação que não pode
ser descurada, e essa formação deverá ser prática. Os engenheiros silvicultores e outros
académicos e em especial os ex-administradores florestais ,
mesmo que estejam reformados podem e
devem ser chamados e certamente muitos não se recusarão a voltar
a participar nesta obra patriótica de recriar um novo Corpo de Guardas Florestais, não com teorias dadas numa sala de aula mas com ensinamentos ministrados nas serras , no meio
da “silva” que deverá ser vigiada e
ordenada . É uma tarefa patriótica !
Uma
terceira medida : solicitar às universidades que têm cursos florestais, que
iniciem estudos das espécies autóctones mais adequadas para cada situação
edafoclimática, que possam ser a pouco e pouco instaladas como contraponto aos
pinhais e eucaliptais, aos quais servirão de faixas corta-fogo e produtoras de
madeira nobre.
É
necessário aumentar as equipas de sapadores florestais, que não trabalham
apenas nos meses dos fogos, pois têm trabalho todo o ano na abertura e limpeza
dos aceiros e arrifes que devem ordenar as áreas de mata e de mato.
Também
as entidades de gestão florestal previstas, que agreguem os ingeríveis minfundios, são outra
medida fundamental e só se percebe a
posição do PCP por não estar bem explícito e assegurado que esse emparcelamento
de pequenas terras não significará uma possível venda a grandes proprietários
que as venham a adquirir mais tarde. A passagem sempre temporária de terras
privadas para o domínio publico, é a forma de colocar ordem nas vastas áreas
abandonadas e já no séc. XIII o rei D.
Fernando o proclamou com a Lei das Sesmarias.
Essas
entidades de gestão florestal tal como a criação dum banco de terras, são
medidas cruciais para se começar a reformar o tecido de matas e de matos,
riqueza nacional, recurso fundamental para a integridade ecológica do território
português.-
Para
gerir toda esta complexa rede de intervenientes só uma autoridade nacional o
pode fazer correctamente - é difícil
entender e aceitar uma noção destas ?
E
seria lamentável, revelando apenas egoísmo politico partidário e engulhos ainda
mal ultrapassados por alguns, que todos os Partidos , da esquerda à
direita, não se juntassem nesta
possibilidade de reformar a gestão florestal . Há um triângulo equilátero que tem no vértice superior a Protecção
Civil, num dos vértices inferiores os
Bombeiros e no terceiro vértice a organização florestal que gere o território.
É da coordenação destas tres Entidades que deverá resultar o futuro do pais em
matéria de matas e de matos.
Com
esta estrutura se for bem oleada, não restem duvidas que diminui a dimensão da maior parte dos fogos florestais
e atinge-se seriamente o negócio de
milhões gastos com o uso privado dos meios de combate aos incêndios – e os lobbies
desses negócios, infiltrados possivelmente entre os decisores ( alguns
pelo menos) vão reagir e forçar as Autoridades a travarem as veleidades de
tornar tendencialmente publico o combate aos fogos.
Algumas fontes indicam que os aviões F 130 da Força
Aérea, que estão parados muito tempo,
vêm preparados de fábrica para serem usados como aviões tanque para
combater fogos florestais . mas nunca são usados pois lá se ia uma boa parte do pagamento a privados. Os Canadair
serão sempre precisos mas em menor escala,,,, Se não é bem assim que alguém venha esclarecer…
Certo
é que com vigilância e limpeza das matas, e uma organização florestal nacional
a gerir de novo a politica florestal os
incêndios seriam reduzidos substancialmente -. como sempre foram quando havia
Serviços Florestais , e daqui não se
pode fugir!!
Oxalá
o Secretário de Estado das Florestas tenha as condições para poder agir como
deve.
E
que se ponha fim ao escândalo que é o caos actual do ICN e da gestão das Áreas
Protegidas , hoje meras repartições do desconsolo e desmotivação de quem nelas trabalha por convicção !
Fernando Santos Pessoa
23-07-2017
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