China, Budismo e a hipocrisia do nosso tempo
1 - Alguém mais ouviu ou leu, por uma vez que fosse, nos últimos anos , algum país do mundo convidar o Dalai Lama para visitas oficiais ? Algum órgão de comunicação social refere a existência de exilado do chefe espiritual do Tibete ? Alguém comenta o que os chineses fizeram e fazem no Tibete ?
Porque será este silêncio sobre um dos mais brilhantes espíritos que a Humanidade conheceu no século XX?
A razão é só uma, medo da China ! Nem os EUA, nem a Alemanha, nem os países escandinavos, nenhum pais democrático e independente se atreve sequer a referir a existência dos milhões de tibetanos colonizados pela China. Qualquer referência a esse assunto fica sob a ira da China que ameaça com retaliações pelo menos económicas, e ninguém quer correr esse risco.
O Tibete é um país vizinho da China, não é uma etnia das muitas que a população chinesa integra. Durante mais de mil anos os dois povos viveram lado a lado e nunca a China mandou no Tibete; pelo contrário até em tempos recuados houve pelo menos um imperador chinês que era tibetano.
Mao Tse Tung invadiu o Tibete como invadiu a Mongólia e fez desses países e povos suas colónias, sob a figura meramente retórica de serem regiões autónomas. Região autónoma é se ela é administrada pelo seu povo, respeitada a cultura e a idiossincrasia desse povo.
Os chineses invadiram o Tibete, enviaram, e continuam a enviar para lá milhares de chineses que ocupam a economia, os postos de trabalho e todos os cargos administrativos. A quando da invasão destruíam mosteiros, queimaram bibliotecas, mataram monges e pessoas indefesas.O palácio Potala, uma das maravilhas do mundo, foi salvo in extremis por Shou en Lai, que talvez fosse mais culto e ajuizado que a demais gentalha que ocupou Lhasa e as outras cidades; em Lhasa deram cabo de toda a arquitectura, substituída pela arquitectura chinesa de tipo caserna, sem qualquer valor patrimonial. Apenas deixaram o bairro em volta do mosteiro de Jokdham, o mais antigo mosteiro tibetano, e onde acorrem milhares e milhares de peregrinos todos os anos,Também ali acorrem os turistas, enfastiados com o resto da cidade e que apenas naquele bairro antigo respiram um pouco da cultura e da civilização tibetanas. Eu estive lá quando começou a abrir ao turismo, E estive na parte da Mongólia que a China não libertou e a que chama Mongólia Interior; num dos maiores mosteiros de todo o budismo, os invasores destruíram e queimaram uma das maiores bibliotecas com manuscritos dos primeiros séculos e só restou um monge, que eu conheci já velho e que estava a refazer a comunidade com mais 12 novos aderentes.
Os chineses destruíram a Academia de Medicina Tibetana, que se situava em frente ao Potala, e era um repositório de medicina alternativa; apenas escaparam alguns monges médicos que salvaram uma dúzia de tankas com prescrições de saúde datadas...do século IX.
Fixem Tenzin Gyatso 14º Dalai Lama
(continua)
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