Trazida agora ao nosso conhecimento, a notícia do cidadão espanhol que enfrenta a justiça por ter ajudado a esposa a morrer, libertando-a dum sofrimento indescritível, é mais um exemplo dramático de como os preconceitos sociais, sobretudo de base religiosa, continuam a persistir.
Quem viu as imagens na televisão daquela senhora há anos totalmente inválida e quase já sem um sopro de vida, não pode ficar indiferente com a recusa da justiça e da sociedade espanhola ( como a portuguesa e quase todas as outras) a permitirem a morte assistida e misericordiosa a que qualquer ser humano tem direito!
Lá vêm os avisos dos perigos de abusos, da banalização da morte e outras tantas atoardas com que os adversários da eutanásia, nomeadamente alguns médicos, atacam a quem defende a eutanásia.
Eu creio que aquele marido pagará de bom grado a pena de prisão que lhe vier a ser aplicada só pela satisfação que deu à esposa - porque essa satisfação e a certeza do dever cumprido em nome do amor misericordioso que nutria pela esposa, não tem preço!.
Eu, conscientemente, afirmo que faria o mesmo, se a situação resultasse de um diálogo como aquele que foi apresentado, com o paciente que, impedido de ter a ajuda de um médico, me pedisse para o ajudar a morrer com dignidade. É essa dignidade que eu quero para mim mesmo se e quando chegar a minha hora; quero ter alguém que num acto de grande amor e misericórdia, ponha fim a um sofrimento insuportável de quem já não tem retorno do seu padecimento.
Eu gostava de ouvir a opinião de pessoas que, tendo visto a situação em que se encontrava aquela senhora espanhola, se admitiam para si mesmas continuar naquele tormento, se acham que aquilo era vida - e nem todos têm a fortuna em meios nem a fortuna em ter um companheiro como aquele. Então será ainda pior!
Eu, conscientemente, afirmo que faria o mesmo, se a situação resultasse de um diálogo como aquele que foi apresentado, com o paciente que, impedido de ter a ajuda de um médico, me pedisse para o ajudar a morrer com dignidade. É essa dignidade que eu quero para mim mesmo se e quando chegar a minha hora; quero ter alguém que num acto de grande amor e misericórdia, ponha fim a um sofrimento insuportável de quem já não tem retorno do seu padecimento.
Eu gostava de ouvir a opinião de pessoas que, tendo visto a situação em que se encontrava aquela senhora espanhola, se admitiam para si mesmas continuar naquele tormento, se acham que aquilo era vida - e nem todos têm a fortuna em meios nem a fortuna em ter um companheiro como aquele. Então será ainda pior!
A sociedade continua agarrada a preconceitos de um passado tornado aterrador pelas práticas e prédicas religiosas que passaram hoje para a mentalidade mesmo daqueles que acham que não tem nada a ver com religião.
Na minha vida já assisti a lutas contra preconceitos que se julgava serem inamovíveis - o simples divórcio, o aborto, o casamento de pessoas do mesmo género... - e todas essas lutas são contra os reaccionários que se opõem à evolução dos hábitos e costumes da Humanidade. E há pior, as sociedades islâmicas conseguem manter no século XXI os preconceitos e os hábitos da Idade Média mais atrasada; fazem-no em nome da sua religião e da sua cultura, só que as religiões e as culturas evoluem século após século, menos para os muçulmanos. O episódio a que já referi anteriormente do Sultão do Brunei a repor a sharia com corte de mãos e pés e de apedrejamento até à morte de mulheres "adúlteras" e de homosexuais é o expoente mais grave desta reacção de quem tem poder absoluto sobre os outros seres humanos.
A eutanásia não é imposta, nunca o será. é um acto de liberdade individual. A liberdade da eutanásia ser escolhida por um ser humano, com todas as garantias de acompanhamento médico em situações consideradas irreversíveis, chegará quando a sociedade já for culturalmente mais evoluída, é inevitável, é uma questão de tempo. Quem se lhe opõe, seja com que argumentos for, está apenas a atrasar uma decisão que vai chegar.
Sem comentários:
Enviar um comentário