Mal o confinamento abrandou fui dar uma volta pela zona centro interior, por Lousã, Arganil, Pedrógão, Gois, aldeias de xisto, etc. e comentei na altura que por ali já pouco ou nada haverá para arder - milhares de hectares de encostas só cobertas de relva, outros milhares de hectares com a rebentação do eucalipto a envolver os paus queimados ainda de pé mas que vão arder daqui a mais 1 ou 2 anos. Claro faltava toda esta área de Oleiros, Proença a Nova e alguns Concelhos vizinhos onde ainda há para arder matas mal geridas, sem limpeza do interior, saída de madeiras sem retirar os materiais de desbaste, tudo na mesma como sempre desde que deixou de haver quem, implantado no território, gerisse o património florestal ao longo de todo o ano e não apenas na "época" dos fogos - as administrações florestais e os guardas florestais. Isto não entra na cabeça de quem sobranceiramente continua a delapidar milhões de euros todos os anos para fazer de conta que existe uma politica florestal...nesta época.
Carta ao Director do "Público"
Enviei uma carta ao director do jornal que frequentemente acolhe textos meus e algumas cartas. Desta vez, publicada hoje 28 de Julho, foram cortadas "cirurgicamente" algumas frases pelo que resolvi deixar aqui a carta completa.
" É cansativo e repetitivo todos os anos e mais que uma vez por ano, voltar a este assunto dos incêndios florestais e embater no muro de surdez institucional. Quando António Costa, como Ministro da Administração Interna, deu a primeira machadada nos Serviços Florestais (SF) ao transferir os guardas florestais para a GNR, pode admitir-se que ele não estaria muito consciente das consequências da decisão, porque apoiava-se num dos piores Ministros de Agricultura que Portugal já teve. Os SF já tinham sido "domesticados" pela indústria da celulose, mas continuavam a ser um empecilho à liberalização da expansão dos eucaliptais. Porém, décadas depois, e perante o fracasso das políticas florestais, investindo ano após ano milhares de milhões de euros para colmatar a falta de uma estrutura de defesa e gestão do património florestal, a cegueira original transforma-se em obsessão quase criminosa. Ainda ontem uma senhora da zona de Oleiros dizia na Tv que nem o Estado limpa as matas que lhe pertencem - não limpa nem vigia durante todo o ano como lhe deve competir. Agros, saltus e silva é desde os tempos dos romanos a forma de ordenar o espaço rural - foi precisa a originalidade destes Governos para separar as florestas da gestão conjunta e remetê-las para essa coisa informe e inútil chamada ICNF.
Até quando durará a ignorância institucional sobre o que técnicos e universidades podem fazer para repor uma autoridade florestal nacional ?" ( sublinhado o que foi cortado )
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