domingo, 10 de janeiro de 2021

 Anacronismos e esperança, com a esperança em primeiro lugar...

Saudade - A palavra escolhia como a mais usada em  Portugal durante o ano 2020 foi saudade. Não foi pandemia, nem covid, nem confinamento. Também não estou muito certo sobre  qual o critério usado para seleccionar a palavra - mas essa escolha para mim revela que ainda há esperança. Ela reverte para o essencial da alma portuguesa, porque embora a raiz latina seja solitate,  ela na língua portuguesa significa, desde há muitos séculos atrás, um conjunto de sentimentos muito mais complexos que a simples solidão. Por isso se os portugueses escolheram esta palavra, quando outras nos têm xeringado o juízo desde os inícios do ano passado. é bom sinal, é sinal de esperança.

Chega por várias razões -  Chega de dar vós ao grupelho que tomou este nome e ao farsante que assume a liderança. E a principal razão para o sucesso  que o grupelho e o farsante hoje têm na sociedade portuguesa, é a força que a comunicação social lhes dá todos os  dias,  nos jornais, nos telejornais ou nas rádios.  Basta ele dar um espirro ou debitar uma aleivosia, para dar meia página de jornal ou uns minutos de telejornal, com direito a imagem. Não se trata sequer dum problema de liberdade de expressão, porque outros pequenos  partidos e outros políticos de expressão minoritária não têm uma cobertura mediática  que se lhe compare. Não digo que seja por  coerência ou adesão, mas é certamente porque ao fazer escândalo  ganham  mais audiência mesmo que isso signifique maior audiência a quem é citado e falado.  A democracia  é um regime frágil, a sua condição de dar e   expressar liberdade  exige uma grande responsabilidade e por essa razão há tão poucas democracias no mundo.  A democracia tem que se proteger e se tem que dar notícia de todos os que nela se movimentam, não pode  dar a mesma expressão a uns tratantes que a querem destruir  e a outros que nela se movem com maior ou com menor expressão, mas sem a querer destruir, Essa deve ser a tal linha vermelha que urge que toda a comunicação social assuma como auto censura -  não deixar de noticiar tudo mas dar a dimensão adequada a quem a quer destruir ou a quem não a quer prestigiar. São dois mundos diferentes.

A democracia nos EUA - O assalto ao Capitólio não foi um assalto a um  palácio monumental num país que ainda tem património de pouca antiguidade, o que já seria deplorável - foi o assalto à sede do Poder Legislativo dos EUA. Não me venham com a qualidade da democracia americana, lá por ela, por um fio, ter resistido a um assalto fascista digno de qualquer país do 3ºMundo ou a uma dessas repúblicas leste-europeias que depois do comunismo que as mentalizou durante décadas - não tenham medo das palavras -  não revelam suficiente maturidade democrática para resistir às carícias e promessas dos ditadores encapotados que se aproveitam  da democracia e das suas fragilidades, Não os EUA, que foram criados pela democracia e se desenvolveram sempre nela, embora se possa questionar a conveniência ou inconveniência da estrutura do poder democrático implantado.

Por agora a democracia venceu, mas 75 milhões de americanos votaram em Trump, e mesmo que metade  - e é ser optimista - se afaste agora desta tentativa de destruição do Poder Legislativo, ainda ficam muitos milhões de energúmenos capazes de provocarem fortes convulsões  - e o exemplo de democracia dado a todo o mundo é a pior coisa que se podia fazer a essa DEMOCRACIA. convenhamos.









Sem comentários:

Enviar um comentário