quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 Poucas vergonhas ambientais no Algarve

O PUBLICO  saiu ontem com um artigo da autoria de Idálio Revez que trata da pouca vergonha da implantação de pomares de abacateiros às centenas, agora já em 2000 ha.

A façanha é devida à promoção que a própria Direcção Regional de Agricultura faz daquela cultura e ao "esquecimento" da CCDDR e dos Serviços Regionais de Ambiente de que existem alterações climáticas, que o facto de chover melhor este Inverno não invalida a tendência já longa para a aridez, esquecem que existe uma RAN e sobretudo uma REN que devem ser respeitadas e fiscalizadas .

Assim enviei uma carta ao Francisco Ferreira da ZERO, a ver se  pega no assunto a sério. Eis o teor da carta :

"O Publico de ontem trazia um bom texto do Idálio Revez sobre a expansão do abacateiro no Algarve e, no meu entender e de muitos que se preocupam com as asneiras graves cometidas na área do Ambiente, o assunto não deve morrer assim.

Começando pela Direcção  Regional de Agricultura, ela é responsável por promover a cultura daqueles pomares tão exigentes em água de rega, como  se os citrinos, com larga  tradição na Região, não fossem já os grandes consumidores desse recurso escasso. 

No ano passado houve uma troca de textos no Sul Informação em que eu também participei e sobretudo um colega Gonçalo Gomes, e em que o Director da DRA defendeu asperamente aquela cultura. Ora, embora deva competir aos organismos da agricultura promover as culturas mais rentáveis, não podem esquecer a situação das alterações climáticas, em que toda a gente enche a boca de retórica mas não liga nenhuma, e para ser responsáveis deviam impedir qualquer acção destas em cima da REN, que também ignoram. Basta cair uma chuva e esquece-se  a trágica situação habitual de escassez de água no Algarve.

Porém a CCDR e os Serviços Regionais de Ambiente que nela funcionam, devem ser objecto de um processo - até do Ministério Público(?) - para apurar responsabilidades de quem deixou passar os atropelos à REN. Tem que se saber quem foi que deixou que o processo corresse daquela maneira e certamente se encontrarão esses responsáveis ( numa terra pequena todos se conhecem..., não deve ser difícil encontrar os responsáveis). É ridículo fazer pagar 12.000 € de coima a quem diz que investiu vários milhões - e fica o assunto encerrado? Se não houver uma investigação, coisas destas vão continuar a passar-se e todos assobiam para o lado.

O mesmo se passa com o Programa de Recuperação da Paisagem implementado pelo Ministério do Ambiente e que inclui um plano de florestação com espécies autóctones, direccionado para a região de Monchique, até por sinal atribuído a uma equipa de bons técnicos, enquanto ao mesmo tempo se deixa continuar a escavacar encostas de Monchique  com a plantação de eucaliptos.

 Quando o plano estiver concluído a realidade do terreno já será totalmente diferente da inicial - para que serve depois? Vão arrancar os eucaliptos e plantar carvalhos? É só propaganda  e deixar andar, porque não há uma opinião publica suficientemente activa e consciente para se opor.

Desculpe estes desabafos mas acho que a ZERO pode e deve intervir e não deixar o assunto morrer na praia..."






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