quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

 Pela democracia

Gastei, não perdi  mas gastei umas horas a assistir em directo pela CNN á posse de Joe Biden como 46º Presidente do EUA; e fi-lo com aquela convicção,  quase religiosa, de que este acto possa efectivamente significar a esperança na vitória da Democracia, em todo o mundo. Porque, gostemos ou não, perdido o peso político que a Europa tinha  a favor do domínio dos americanos servidos por  um marketing fabuloso  que foi ajudando a cimentar, é nos EUA e no seu  exemplo e modelo que assenta  a esperança da vitória da democracia . Basta pensarmos como estes 4 anos de Trump encorajaram os demagogos e os piores exemplos da extrema direita, em todo o mundo ocidental,  e por pouco - por muito pouco, se o psicopata americano se tem mantido no poder-  a nossa vida planetária iria sofrer uma dramática rota de convulsões e caos,

Não é senão a tal convicção quase religiosa que me leva a dizer que  esperemos que em Portugal, no próximo domingo, haja um sobressalto cívico e se afaste ruidosamente o agente partidário que até tinha obtido - disse ele...-  um contacto de apoio de Trump, e que é o maior risco que a democracia portuguesa já conheceu desde Abril de  74- quando este títere repete com orgulho que pela primeira vez desde há 46 anos há um político português que retoma o 24 de Abril sem vergonha e até com esperança de o renovar.

Por toda a Europa nascem  pústulas de pus fascista, que começam por ganhar as eleições e se servem dela para, a pouco e pouco, legislarem a favor da continuidade dos seus poderes autoritários; que isso ocorra nos  países do leste, que estiveram décadas sob o jugo das ditaduras comunistas que moldou as mentalidades, ou na Rússia onde nunca chegou a revolução francesa e passou do regime medieval czarista para o poder ditatorial leninista e estalinista,  há essa razão histórica de povos que nunca se prepararam para a democracia, Mas outros países como a Itália, a Alemanha (onde a direita da chanceler Merkel assume a defesa contra a extrema direita), ou a França com uma tão velha prática democrática e que aguenta a família Le Pen,  ou em Espanha que se livrou do franquismo - ou em Portugal 46 anos de recuperar a democracia, isso é que nos deve preocupar.

Crises como esta da pandemia, que deixou a descoberto as desigualdades que as politicas liberais trouxeram ao mundo, se não houver um sobressalto maioritário que incline  as governações para o interesse colectivo e a solidariedade internacional, a maioria tombará para os apelos demagógicos da extrema direita, porque da extrema esquerda já não virá algum perigo, fica como folclore e por vezes até ajuda.  Foi depois da pandemia de 1917 e da depressão económica e social  que abalou o mundo ocidental, que os fascismos e o nazismo surgiram e ganharam o poder. 

A História só se repete se nós quisermos





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