sábado, 25 de setembro de 2021

 Pequenas homenagens que são injustiças

No dia 7 de Setembro, Dia da Cidade em Faro, a Câmara Municipal quis homenagear duas personalidades atribuindo os seus nomes a dois arruamentos...do Parque Ribeirinho.

Começa porque o parque além de ser de pequenas dimensões para o pomposo nome de Parque, está mal cuidado e é gerido certamente por "especialistas". As palmeiras-anãs foram desbastadas e parecem pincéis de barba, os arbustos ( tamargueiras, salgadeiras) estão podados em bolas ou em cubos - forma "moderna" até ao século XIX de fazer jardins à francesa e também arrear as árvores de ruas e estradas fazendo delas outros abortos; mas passam as décadas e  ninguém consegue que as Câmara Municipais acabem com essa prática arboricida.

Então ao caminho principal do Parque atribuíram o nome do Fernando da Silva Grade, velho Amigo precocemente falecido, lutador incansável a favor da defesa do património cultural e natural - quando o mínimo decente teria sido dar o nome dele ao parque. Mas o desplante foi ainda ultrapassado quando atribuíram a outro caminho do mesmo parque o nome de ...Gonçalo Ribeiro Telles!!

No dia seguinte enviei ao Presidente da Câmara uma carta que se transcreve a seguir, para memória futura.

"Ex.º Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro

Dr. Rogério Bacalhau Coelho

Ontem dia 7 de Setembro, no âmbito das comemorações do Dia da Cidade, foram prestadas  homenagens, algumas das quais tem a ver comigo e com os sentimentos que me inspiraram, por isso não ficaria bem com a minha consciência se não viesse expressar a V.ª Ex.ª o que penso, sem que isso diminua, antes aumente, o meu respeito pelo Poder Local em liberdade. 

Foi descerrada uma placa com o nome de Fenando da Silva Grade no passeio principal do Parque Ribeirinho, ele que foi um ilustre cidadão, independente e activista pela defesa do património natural e cultural algarvio, particularmente farense, e de quem fui grande e afeiçoado amigo. Foi muito pouco - o Parque já de si é de modestas dimensões e está mal cuidado, mesmo assim o que seria devido ao Fernando é que dessem o nome dele ao parque, não a um simples arruamento.

Mas o pior ainda estava para vir e chocou-me - e não só a mim mas a muitas pessoas que compareceram - que quem decidiu das homenagens tivesse tido o desplante ( desculpe-me falar assim) de atribuir a um outro caminho do Parque o nome de. Gonçalo Ribeiro Telles. Como é possível ter-se tão pouca noção da proporcionalidade dos actos ?

Eu recusei-me a assistir ( e não só eu) a essa menorização de uma figura de projecção nacional e internacional como Gonçalo Ribeiro Telles, cujo nome não se atribui, como que por sorteio, a uma ruela dum pequeno parque ribeirinho - nem em Lisboa nem em povoação alguma!! Brada aos céus, Sr. Presidente.

Faço parte de uma Comissão que, com a APAP (Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas) preparam a comemoração do centenário de Ribeiro Telles e estamos todos cientes de que irá acontecer o aproveitamento do nome daquele ilustre português sempre que der jeito seja a quem for - e denunciaremos sempre esses casos, como agora.

Darei conta desta minha carta àquelas duas Entidades que acima referi.

Como creio que o Sr. Presidente me conhece bem e à minha maneira de ser, o que escrevi acima não invalida que lhe envie a minha consideração e os melhores cumprimentos.

( Permita-me que lhe envie o meu último livro saído em Junho passado)







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