Reflectindo sobre os dias de hoje...
Há um facto que me parece cada vez mais evidente : a pandemia teve consequências à primeira vista pouco evidentes sobre o comportamento de uma boa parte das pessoas -infectadas ou não - mas a pouco e pouco essas consequências tornam-se indiscutíveis.
E afectou pessoas de todos os estratos sociais e de todas as capacidades intelectuais - se calhar até mais dessas do que daquelas que pouco mais tem ou tinham que preocupações do dia-a-dia. Aqui e em todo o mundo.
Pior, acirrou comportamentos explosivos e que são de difícil entendimento entre pessoas responsáveis que aparentemente faziam a sua vida normal mas, no seu íntimo, seriam já psicologicamente e intimamente mais inseguras - e que agora se revelam nas suas fraquezas.
Não sou especialista em nada das matérias científicas que envolvem a virologia e a sua transposição para a pandemia mundial, mas passados todos estes meses damos connosco a pensar em coisas que ocorrem e que em tempos "normais" ( porque o tempo da pandemia não é normal) não ocorriam ou não atingiriam a dimensão que configuram hoje.
Começou com o ataque dos "trumpistas" ao Capitólio e as ameaças aos políticos em funções naquela que se diz ser a maior democracia do mundo; toda aquela agitação e a enormidade dos disparates e aleivosias envolvendo milhões - milhões! - de americanos, juntamente com a sua oposição a reconhecerem a pandemia e a necessidade do seu combate, não configuram um comportamento normal de uma sociedade medianamente informada - mesmo os norte americanos não sendo propriamente um modelo de cultura generalizada da população... Mas, até se ter espalhado a pandemia e os seus medos e mistérios, não se verificavam os comportamentos "anormais" que passaram a evidenciar-se com tanta difusão.
E há um elemento crucial por trás de tudo isto : as redes sociais e a dimensão que dão a posições e argumentos perigosos para a democracia e para a Humanidade, pior ainda em nome da liberdade de expressão.
O mal está nas redes sociais? Para mim está, porque podendo elas serem na sua génese uma forma excepcionalmente popular e mundial da liberdade de expressão, a maneira como são desreguladas e o acesso impune que dão a tudo quanto sejam falsidades, insultos, difamação, soluções decisivamente más ( do espírito do mal ), permitem a difusão desse mal.
O fenómeno do negacionismo, com a dimensão que adquire hoje em dia, vive a meu ver de duas causas : o transtorno psicológico que afecta pessoas de todas as formações intelectuais mais do que a gente pouco instruída, e as redes sociais com o regime ou a falta de regime com que hoje funcionam.
Era um fenómeno que também teria de chegar cá, e chegou. As manifestações dos "negacionistas à portuguesa" já nos revelaram dois figurantes exemplares : aquele juiz perfeitamente tresloucado que perdeu o controle dos seus actos e apela ás suas capacidades intelectuais, que tem, para delas fazer gaudio, sendo pessoa que praticamente ninguém conhecia fora do seu círculo restrito de relações -. talvez quem o conheça melhor encontre o fio da meada dos antecedentes que o trouxe até aqui; e o pateta do Fernando Nobre que, a par de ter constituído uma obra de assistência médica e social de grande mérito, revelou há vários anos alguns aspectos de fragilidade psicológica que não seria de esperar num médico com o prestígio que adquiriu. Aquela vaidade que o levou a aceitar que o propusessem para Presidente da Republica, naquelas condições, e depois a aceitação da falsidade que, como deputado, seria logo indigitado ( não seria eleito, seria indigitado,,,) Presidente da Assembleia da Republica, torna hoje mais notória uma grave falha de carácter ou de discernimento - isso talvez agora explique como é que um médico ignora o que é a acção de um vírus, ignora o que a sua Medicina lhe ensinou e que ele tinha por obrigação de respeitar.
O perigo para a democracia existe e é claro : a confusão entre o direito â liberdade de expressão e as totais impunidade e irresponsabilidade criminal que resultam do uso de propostas e notícias criminosas nas redes sociais que ninguém controla - a não ser os próprios donos das redes sociais que às vezes assumem eles o papel de fechar o acesso temporário a essas redes, como aconteceu com o Trump, Quer dizer esses sujeitos donos das redes sociais é que são quem controla a liberdade de expressão, não são os cidadãos nem os seus Governos legítimos. i
Isto é muito sério.
Sim, também me chocaram estes 2 casos: do médico e do magistrado !
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