sexta-feira, 15 de julho de 2022

 Este  calor de ananazes

Não é possível  passar ao lado deste tempo que estamos suportando sem deixar um comentário. A saison dos fogos começou em grande, como a confirmar que 2017 não foi excepção e que vai mudando de região  porque já há cada vez menos matas para arder nessas regiões, país fora. Claro que dá para muitos anos ainda... Infelizmente!

Apesar desta  confirmação do agravamento das condições climáticas que favorecem os desastres extremos como os grandes incêndios, os incorrigíveis "produtivistas" continuam a afirmar que ondas de calor sempre houve, altas temperaturas também, períodos de seca  acontecem  regularmente ( até já me falaram em cada 5 anos de chuvas vêm 5 anos de secas - mas aqui no sul onde é que estão esses 5 anos de chuvas?

Aquele tipo de depressão profunda como agora existe, a sul da Península Ibérica e que está a introduzir aqui directamente o ar quente do Sahara, acontecia de vez em quando. Ora só este ano já aconteceu 3 vezes, como todos se lembram das poeiras que aqui caíram embora agora  a direcção das correntes não esteja a transportar tanta poeira;  o anticiclone dos Açores foi empurrado para norte e não tem tido força para se opor à depressão - isto para os incorrigíveis é natural - mas na verdade não é, é uma excepção e cada vez  menos excepção. Os cientistas  informam que desde a década de 90   as ondas de calor são cada vez mais frequentes e as alterações climáticas tendem a intensificar e a aumentar a frequência destes fenómenos.

E há questões que merecem ser abordadas sem receio das críticas.

Os fogos pegam nas matas que estão por limpar - quem é que as deve limpar, país fora? Antigamente - cá vai a lenga-lenga habitual  - havia Administrações florestais e guardas florestais que ao longo do ano mandavam os proprietários limpar as matas e quando não se conhecia o proprietário ( e era muito frequente) eram os guardas florestais que, com as suas equipas, procediam à limpeza. E quando havia corte de madeiras eles eram sempre fiscalizados pelos guardas que obrigavam os madeireiros a retirarem todo o material  resultante da limpeza das árvores abatidas. Gostava que me garantissem que ainda hoje isso é feito...

Outra questão interessante; porque é que só se dá pelos grandes incêndios quando eles já lavram  com toda a força? Porque não são detectados no início ? Vão dizer que há muitos incêndios que são logo  detectados  e não são notícia, mas e os outros ? Há dias na região  Centro foi até um camionista que passou na estrada  e deu o alerta.

Nesses tempos já passados ( um alto dirigente já disse, a alguém que conheço, que  quem fala como eu está ultrapassado, agora está tudo muito mais eficiente)- nesses tempos,  mal aparecia uma coluna de fumo, fosse onde fosse, havia sempre alguém de vigia  ( quem seria?) que detectava e atacava-se o fogo no seu início; por vezes também acontecia que sendo o fogo distante e com maus acessos  havia algum descontrole, mas era raro. Porque uma das tarefas dessa gente hoje ultrapassada era manter aceiros e arrifes abertos e em condições de serem percorridos  em casos de emergência - e durante as limpezas... Ainda hoje se mantém essa prática?

O Primeiro Ministro afirmou que não há falta de meios, e realmente todos os anos chovem milhões de € nesta altura - mas há falta de estrutura organizativa  no território. Ninguém dá por isso ? é por estas ideias serem "ultrapassadas" que ninguém fala nelas...





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