sexta-feira, 8 de julho de 2022

 No PUBLICO de ontem, dia 7 de Julho, saiu esta minha  carta ao Director: 

Os fogos Florestais e as culpas

Estamos na saison dos fogos florestais e começa o jogo das culpas.

É absolutamente indigno que esteja um comandante de bombeiros incriminado pelas consequências do fogo florestal de 2017; primeiro veio o "bode expiatório", a então MAI Constança Urbano de Sousa que era quem menos culpa tinha pelo acontecido; depois nunca mais pararam as quezílias - se tudo corre bem é graças à Protecção Civil, se corre mal a culpa é dos bombeiros. Tal está a moenga, hem?

Durante décadas os fogos florestais foram combatidos pelos Serviços Florestais (SF) - e eu fui administrador florestal-, pelos bombeiros e em regra funcionava bem; quando é que os incêndios passaram a descontrolados?- quando os SF foram desmantelados pelo MAI António Costa com o apoio do pior Ministro da Agricultura que Portugal já teve e passou a responsabilidade para o MAI. Todos os anos se gastam milhões e milhões de euros a combater incêndios que uma boa gestão e defesa ao longo de todo o ano, do território florestal, podia evitar.

 Já se sabe que não vai haver coragem para reconhecer que erraram - e o País vai continuar, ano após ano, a assistir a estes lamentáveis episódios e a ver recaírem as culpas sobre os bombeiros que recebem ordens duns senhores muito importantes, só que parece que conhecem pouco o país e pouco do assunto.

...

Ninguém pode evitar claramente os incêndios, mas quando havia uma estrutura instalada no território, como uma quadrícula, de casas de guardas florestais sujeitas a Administrações Florestais que controlavam áreas bem definidas, existiam condições para ao longo do ano se saber em que estado estavam as matas, que limpezas era necessário fazer e por isso reduzir os riscos.

Sempre que havia cortes de madeira os guardas vigiavam e obrigavam os madeireiros a remover todo o material caído no solo resultante dos abates, mas que ficando lá constituíam verdadeiros barris de combustível.

Os guardas era supervisionados pelos mestres florestais, com uma larga sabedoria, alguns eram verdadeiros senhores das serras e que sabiam muito mais do que muitos engenheiros. Todo esse capital de conhecimento prático e localizado nas suas áreas de actuação se perdeu com a destituição da Autoridade Florestal tal como estava montada quase desde o século XIX - como acontece em toda a Europa e em todos os países do mundo que tem áreas florestais a proteger e a gerir.

A Mata de Leiria, com tantos séculos, ardeu TODA simplesmente porque não tinha lá  guardas florestais nem os habituais trabalhadores  que limpavam a mata - deve ser um  orgulho para António Costa,  Cristas e todos os ilustres mandantes do sector agroflorestal que temos tido.

Já cansa falar disto...





Sem comentários:

Enviar um comentário