sexta-feira, 13 de julho de 2018

Liberdade e Biodiversidade -2-( continuação)

´     A vida no Planeta rege~se  por ciclos de trocas de energia e de matéria, organizados em sistemas eco-biológicos - os ecossistemas - que têm os seus clímaces e os seus pontos de menor vitalidade.              Quanto maior e mais complexa for a diversidade biológica e genética, também maior é a garantia da perenidade da Vida.
   A biodiversidade permite naturalmente que as espécies se organizem, se estruturem e se enfrentem nas escolhas que a Natureza faz por si mesma, na procura de equilíbrios dinâmicos próprios dos sistemas vivos. A redução do número de espécies e da sua capacidade de trocas é um sinal do estado de menor equilíbrio climácico - ou seja, de menor garantia da perenidade da Vida.
         Os ecossistemas de substituição criados pelos homens para tirarem melhor partido dos recursos naturais de que dependem, são tanto mais sustentáveis  ou perenes quanto maior for a diversidade que potenciam e, por isso, mais se aproximem do funcionamento dos ecossistemas naturais que eles vieram substituir.
            O homem e as suas comunidades estabelecidas e organizadas primeiro como tribos ou clãs, depois a pouco e pouco como povos, são tanto mais independentes e próximos da sua realização como seres e comunidades, quanto mais dispuserem de diversidade biológica e genética, as quais não só o sustentam no presente como garantem a continuidade no futuro. Daí que as agriculturas de policultura tenham sido sempre situações de vantagem para a Vida, face às monoculturas.
   Desde há muito que se conhecem as consequências  das monoculturas na vida dos territórios, em especial quando as características edafo-climáticas são precárias, seja à escala continental casos como a degradação provocada pela cultura do algodão sobre o Sahael ou sobre as bacias do Mar de Aral, seja á nossa escala a monocultura cerealífera ou mais tarde do eucalipto ( de que a Serra d'Ossa é um exemplo trágico).
    A Biodiversidade é fundamental para a própria sobrevivência do ser humano na Terra.
      Ao longo da História da Terra a Vida foi drasticamente alterada algumas vezes por razões naturais, sejam movimentações tectónicas sejam modificações climáticas profundas alterando completamente os sistemas e os ciclos geo-bioquímicos. Muitas situações de convulsão entre povos, com vagas maciças  deslocando-se através dos continentes, ficaram a dever-se a alterações climáticas profundas e a acidentes geológicos arrasadores.  Porém hoje  assistimos a uma terrível diminuição da biodiversidade, a envenenamento de solos e oceanos, e a alterações climáticas silenciosas mas persistentes - tudo provocado por acção humana.
    Nas últimas décadas desapareceram muitas centenas de espécies de seres vivos existentes na Natureza, e por outro lado as grandes multinacionais dos sectores agro-alimentares e agro-químicos controlam cada vez mais o fornecimento de sementes seleccionadas e de variedades transgénicas, reduzindo o mercado a uma meia dúzia de cultivares de cereais, de hortícolas e de fruteiras - e controlam cada vez mais os Governos nacionais e as organizações internacionais como a UE.

      As centenas de cultivares e de variedades locais das culturas tradicionais de todos os países do mundo vão desaparecendo , reduzindo fortemente a biodiversidade e as reservas genéticas de alimentos ao dispor da Humanidade. A Natureza vai tendo cada vez menos liberdade de se organizar como exigem as leis da sobrevivência dos seres vivos e dos seus ciclos - e nós vamos ter cada vez menos liberdade de escolha daquilo que achamos que melhor nos serve e do que achamos melhor para a Humanidade,.
      Dai que a perda ou a limitação da Biodiversidade acompanhe a crescente limitação da nossa Liberdade, um pouco por todos os continentes e países. .Temos que lutar pela supremacia destes dois conceitos afinal tão interligados : a Liberdade e a Biodiversidade





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