segunda-feira, 18 de novembro de 2019

O estado da Nação...
O estado da Nação  não deve ser só apanágio do PR e do 1º Ministro - todos os cidadãos devem ser activos participantes da análise e da crítica do que se passa no seu país; é por sermos um país de cidadãos pouco informados e mal preparados para intervir nas res publica que os nossos políticos e governantes fazem o que querem e ainda lhes sobra tempo...
Durante anos e anos foi sendo criada uma atoarda contra o funcionalismo público, a sua ineficácia e o peso excessivo que tinha e, dizem, continua a ter nos encargos do Estado. Isso foi sempre veiculado  pelos Governos e Partidos de direita e por alguns comentadores na comunicação social que oscilam entre as posições dos dois lados de espectro ideológico, Há funcionários públicos a mais!!
Mas o certo é que quando o PS ( que se diz de esquerda, ás vezes...) está no Governo não contraria aquelas asserções e o resultado está à vista. A percentagem de trabalhadores do Estado  esteve sempre  em linha com muitos dos países europeus de maior sucesso, como os países nórdicos, a Alemanha ou a França. Mas pior : nunca houve tanta falta de funcionários públicos como agora, com os despedimentos do Governo da troika, e depois dos primeiros quatro anos de "governação de  esquerda" com um Ministro das Finanças que deverá ser o menino bonito do neoliberalismo europeu e dos seus congéneres portugueses que, só por  vergonha, não o confessam...
Nas escolas é um  pandemónio, com falta de auxiliares e até de professores: a caminho do final de Novembro ainda há vários milhares de alunos sem todas as aulas por falta de  professores, e muitas escolas encerram as portas por falta de  auxiliares ( os antigos "contínos"...). Não se percebe porque é que, apesar da informática já estar actuante há umas décadas, a distribuição dos professores continua a ser um caos completo. Não se percebe porque é que não se consegue encontrar lugar para os professores  na sua área de residência - mandar professores de Faro para Braga ou qualquer outra terra  do território, ou vice versa, com aquilo que eles ganham e com os custos da vida ( viagens, aluguer de casas, etc) é um absurdo e devia ser a excepção, não a regra que hoje vemos.
Nos hospitais é outra pouca vergonha com a falta de médicos, em especial de especialistas, que leva ao descaramento de serem contratados no privado médicos a ganharem tres vezes mais que os efectivos e que os chefes de equipa em que são integrados. E faltam milhares de auxiliares dos vários ramos de trabalho hospitalar e nos Centros de Saúde. E faltam agentes  de segurança nos hospitais que assegurem a ordem dentro das instalações. O SNS está um caos apesar do esforço e do mérito dos que lá dentro teimam em fazer o melhor.
Faltam milhares de funcionários na Justiça, desde magistrados a pessoal técnico e auxiliar;  há tribunais a cair de velhos por dentro e por fora.
Os sistemas informáticos das escolas, dos hospitais e dos tribunais estão em boa parte  cheios de interrupções e manifestamente incapazes de permitir o bom funcionamento dos serviços.
Toda esta falta de eficácia da Administração Pública ( fica por falar do Ambiente, da Agricultura, da Cultura...) se fica a dever à falta de recursos financeiros, pois o Ministro das Finanças é que abre e fecha as bolsas ou sejam as autorizações, com a obsessão do défice e do pagamento da dívida, a verdadeira cartilha neoliberal que os socialistas portugueses adoptam ( Joseph Stiglitz explica ...). Desde Salazar quase todos os titulares das Finanças são assim: as contas em dia e a economia e o social no mais baixo nível. 
Ainda assim quando se ouve falar o CDS e agora a IL parece que estamos num entranhado socialismo, porque para eles o Estado ainda é demasiado pesado - o que importa é que os privados cresçam, mesmo que seja à custa do OE .
Esta situação da res publica ajuda a explicar porque é que o Governo do PS é cada vez mais fechado sobre si mesmo, sem personalidades de renome, apenas yes men ( ou yes women) , com raras excepções, figuras menores que sobressaiem em alguns Ministérios... Ninguém com craveira profissional elevada aceita ir para um Governo nestas condições de penúria e de gestão exclusivamente financeira de sectores fundamentais para o futuro do país - e por outro lado António Costa, que tem a sua agenda pessoal bem estruturada,  não arrisca ter entre os membros do Governo quem possa levantar a voz. 
Vou ficar por aqui, mas hei-de voltar...









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