Tempo para tudo, até para mais reflexões
O capitalismo é uma filosofia natural e egoísta sobretudo se o deixarem à rédea solta, sem controle. É natural porque ele nasceu com o desenvolvimento do ser humano e das suas sociedades primitivas, já que na Natureza não há moral, nela impera a lei do mais forte e o domínio de quem pode exercer esse domínio. Nos grupos da fauna superior e em especial nos primatas as regras são as da defesa intransigente das necessidades do grupo e na submissão a chefes que tudo determinam, como garantia das leis da sobrevivência. Nas sociedades humanas, a partir do desenvolvimento da consciência que o Homem adquiriu, passaram a existir leis sociais que, para benefício do próprio Homem, para benefícios de todos os homens, devem sobrepor-se ( sem as anular) às leis naturais. E é egoísta porque procura fazer esquecer as conquistas sociais e colectivas que protegem a maioria do seres humanos e não apenas os mais poderosos. O capitalismo serve-se sobretudo da especulação e promove mais valias por processos que nada têm a ver com o valor real dos bens e serviços, provoca crises que beneficiam os especuladores e com isso dá razão a Marx, quando este afirmava que o capitalismo trás consigo o germe das suas próprias crises .
A concentração de capital em poucas mãos é uma das consequências imediatas do capitalismo sem regulação. A procura de rentabilidade em curto prazo e em crescendo, nomeadamente nas grandes empresas de produção tecnológica mais avançada, conduz a que poucos empresários e cada vez mais poderosos, possam controlar a produção com cada vez menos trabalhadores. É como uma bola de neve a rolar, até que a especulação faça rebentar as "bolhas" e tudo tenha que recomeçar .
Depois segue-se o domínio sobre as formas de condicionamento das opiniões publicas, adquirindo os meios de comunicação social - jornais, rádios, televisões e cada vez mais as redes sociais, antros de calúnia, anonimato e descontrole absoluto, escapando aos poderes democráticos - só uma China ou uma Rússia controlam essas redes.
Daí vai um curto passo para o outro lado da realidade socio - político-económica que será a estatização ou colectivização da produção e o domínio absoluto das sociedades ( previsto por Orwell mas na prática, sem qualquer dúvida, em curso nos casos aberrantes da Coreia do Norte e da China e cada vez mais descaradamente na Rússia).
Assim, como há umas décadas atrás um Fukuyama propalava o Fim da História porque a realidade passaria a ser unicamente o liberalismo dos mercados livres, agora também do outro lado há os que prevêem que o capitalismo acabará dentro de 30 a 40 anos.
Esta falta de conhecimento e de reflexão sobre as formas como as sociedades humanas reagem (por vezes tarde, mas reagem ) andam associadas a ambições desmedidas de tomar o poder e dominar os outros homens - é tão velho quanto o próprio homem, em sociedade.
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