sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 A espuma dos dias...

Anticolonialismo disparatado

Estamos a entrar numa espiral de falta de bom senso e de razoabilidade, e eu não frequento sequer ( a não ser quando me mandam alguns excertos) as chamadas redes sociais, falo só do que se passa na comunicação social  escrita e áudio visual e já basta. Não vou alargar muito a conversa sobre  este assunto, mas revelar dois disparates para mim  de igual gravidade. Um vem pedir que se destrua o Padrão dos Descobrimentos ( porque não os Jerónimos?), como se fosse uma estátua do Salazar ou do Hitler. Outro ( ou outra) vem dizer que o Império Colonial não era salazarista, o tal de Santa Comba Dão recebeu-o da História  - pois aí é que está a questão, numa época em que todos os países colonialistas estavam a dar a independência às colónias e depois de Portugal ter sido pioneiro ao a fazê-lo com o Brasil,  ficámos orgulhosamente sós a manter as colónias baptizadas de províncias ultramarinas,  para a ONU ver, e mandaram milhares dos nossos rapazes morrer por esse recuo anacrónico  da História.

Ainda a floresta e a política florestal -   Já cansa escrever sempre sobre estas matérias, pois o descalabro a que se assiste parece que não mexe com os políticos, decisores e até tantos  técnicos competentes que deveriam dar a cara.  O que mais choca na actuação e programação governamentais é que tudo se prepara com medidas de curto prazo e "efeito vistoso" de imagem pública, mas não se prepara o País para aquelas medidas estruturantes e de longo prazo que, no sector primário,  garantam a sustentabilidade do espaço nacional. Agricultura e florestas são um vazio  inquietante.

De vez em quando sai uma opinião, de longe em longe, de alguém que, como eu, sofre com esta penúria e descrédito, mas de nada serve.

Agora é o Presidente da CAP que vem escrever e marcar lugar na fila dos que esperam os milhões da UE,  mas diz algumas verdades que os políticos continuam a não ouvir. " Medidas decididas nos gabinetes dos corredores do poder em Lisboa não têm servido o país rural ", Pois não,  a política florestal devia ser concertada com e pelos técnicos regionais que administravam o património florestal, mas desapareceram. E acrescenta a dada altura : " A recente dispersão governamental da tutela sobre a floresta, a falta de visão de conjunto, o desconhecimento técnico e de terreno, a degradação do VAB da silvicultura, uma execução medíocre de apenas 55% do Programa de Desenvolvimento Rural das Florestas ( então como é que se arranjam os superavits orçamentais, pergunto eu ?) onde estão os apoios ao investimento florestal, são aspectos muito negativos que se somam ao desastre de mais de 855 mil hectares de superfícies rurais ardidas desde 2015...",

Só faltou  dizer o que, para muitos de nós é a causa primeira do caos actual - enquanto não se implantar uma Autoridade Florestal Nacional (AFN) como eram os Serviços Florestais (SF) (corrigindo os defeitos que eles tinham em vez de os ter extinguido) não haverá uma  solução eficaz para a defesa e a gestão das áreas florestais.

Perdeu-se realmente a visão de conjunto, mas não foi senão por submissão a interesses bem conhecido e fazendo uso duma também reconhecida e assumida ignorância. Desde o tempo dos "atrasados" romanos ( cá volto eu à cartilha) que o ordenamento do espaço rural se fazia através do ager, saltus e silva, mas é claro que os iluminados de agora foram incapazes de perceber que o agros deve ser pensado em conjunto - daí  inventaram um ICNF e com uma cajadada mataram dois coelhos" :  menorizaram a Política de Ambiente e condenaram a Política Florestal ao caos, o que a esses iluminados desta conjuntura nada incomoda, haja incêndios ou não, haja falta dos investimentos florestais ( que dão poucos votos), deixe-se de arborizar ao ritmo que o país devia exigir se tivéssemos uma cidadania que se interessasse por isso...

Assim, num rápido apanhado, vou deixar aqui uma quantidade de "entidades" que não se sabe bem se ainda existem todas, mas certamente que ainda haverá mais: Comissão de Acompanhamento das Operações Florestais, Dispositivo Integral de Prevenção Estrutural (DIPE), Unidade de Coordenação e PlaneamentoGrupo de Analistas e Utilizadores do Fogo, Grupo de Gestores do Fogo Técnico, Fundo Florestal Permanente, Rede de Salvaguarda do Território Florestal, Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, Estratégia Nacional das Florestas 20-30, Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade 20-30... e sabe-se lá quantas mais destas entidades andam por aí.

Tudo  isto e muito mais  porque foi desmantelada a quadrícula de Administradores Florestais, que aplicavam regionalmente as orientações duma Política Nacional para as áreas florestais publicas e privadas e a rede de postos e casas de guardas florestais, que hoje teria de ser revista mas que é ( não era, é!) fundamental para assegurar o uso de boas práticas florestais e a vigilância ao longo de todo o ano  e sob a orientação não dos graduados da GNR mas de engenheiros silvicultores competentes, que os há. E estes qualquer dia deixam de ser necessários, o MAI  resolve tudo,  como temos vindo a observar...

Mas o Presidente da CAP ainda comenta que " o eucalipto, essa árvore "maldita"  que tanta riqueza traz à nossa  economia ( e o reverso da medalha, pergunto eu ?) continua proscrito por motivos ideológicos, a que agora se pretende juntar o pinheiro bravo com o apelido de "monocultura". Os motivos ideológicos no século XXI chamam-se Ecologia, e infelizmente apesar de termos na Assembleia da Republica Partidos que se arrogam dessa ideologia, nada se vê sair deles de concreto. Agricultura sem matas, sem matos  e sem pastagens, ordenadas em conjunto, é contra-senso que só cabe  na fraca capacidade de muitos dos que nos governam.

O eucalipto está cá, mas tem que ser integrado  num ordenamento florestal com base científica que  deveria ser promovido por uma AFN - talvez, quem sabe (...),  o desmantelamento dos SF tenha afinal a ver com os entraves que colocavam à livre expansão do eucalipto que, por vontade da industria da celulose,  tornaria Portugal num imenso e formoso eucaliptal !

Um rasto de politica interna... -  Os Partidos em Portugal andam confusos e baralhados e sacrificam alguns dos seus melhores. Não tenho nada a ver com o PSD mas acho que tem sido, desde a sua fundação, um suporte da direita democrática; mas hoje está em palpos de aranha e a queimar cartuchos. O Engº Carlos Moedas é atirado para as chamas como candidato à Câmara Municipal de Lisboa - ou acontece um terramoto político na capital para ele ganhar ou ele vai perder, e embora possa estar a marcar terreno para futuros voos, penso que é pena ver queimar assim alguém com mérito e decência já demonstrados na Europa. Enfim, malhas que a politiquice tece...

O estado de emergência Por toda a Europa, para falar só no que mais nos interessa directamente, o confinamento tem sido a grande arma de defesa contra a expansão da pandemia. Sem margem para dúvidas. 

Mas para aplicar medidas restritivas das liberdades de cidadania de que todos nos orgulhamos e queremos manter, é necessário que o Governo -  qualquer Governo - tenha competência  legal  para as aplicar.  Se fossem determinadas medidas restritivas sem apoio legal adequado, era certo e sabido que caíam queixas nos tribunais para as combater. A maioria dos portugueses deve perceber isto, por muito cansados que estejam todos de não se poderem movimentar nem fazer a vida livre que sempre fizeram - mas há Partidos que não o compreendem, e já não só os "aconchegados",  Os comunistas e os liberais votam contra o estado de emergência - queriam tudo a funcionar, inventam as balelas de que querem o planeamento do que vai acontecer mesmo sem se saber mo que vai acontecer - e se não é por estupidez é por manhozisse... Os comunistas têm medo de quê.  que se implantem as "amplas liberdades" das suas democracias populares ? Para pedir  mais apoios sociais aos desfavorecidos não é necessário negar a imperiosidade do confinamento. E os liberais libertinos querem o quê? Que se infectem cada vez mais pessoas, afinal querem que o Estado que tem que ser o mais pequeno possível  seja suficientemente forte para pagar a todos os apoios,  aos desempregados, aos infectados? Para sem estado de emergência puderem activar acções em tribunal contra o Governo que  eles combatem ? Hipocrisia dos dois lados do espectro ideológico, hen?







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