segunda-feira, 6 de setembro de 2021

 Assim vamos nós e o mundo

O desastre do Afeganistão e o resto

O sucesso dos taliban no Afeganistão é mais um sinal, e dramático,l da perigosidade em que se está de novo a tornar o islão radical. 

A sujeira dos EUA ao fugirem á pressa, sim, a fugirem de Cabul, é um  triste retrato do comportamento de como os ocidentais e em especial os americanos, se comportam hoje perante o resto dos outros povos, e com a desculpa - pois não passa de desculpa - de que em democracia somos condescendentes e respeitadores dos hábitos culturais do outros. Outros a quem explorámos enquanto pudemos, é bom recordar, que governámos como protectorados facilitando a vida aos magnatas e deixando a esmagadora maioria dos povos na miséria : foi assim que o Imperio Britânico dividiu as etnias  e inventou países novos  para melhor os explorar; já em pleno século XX em que já se tinha  plena consciência histórica  de que isso era errado; franceses e britânicos ocuparam e tentaram derrotar os vietnamitas, os coreanos, os birmaneses, os indianos; todos os povos árabes formam "protectorados" e só conseguiram a independência quando os europeus já não podiam  segurar um gato pelo rabo... 

Salazar em pleno século XX inventou um novo nome para as colónias e manteve os territórios africanos sob colonialismo serôdio que nos devia envergonhar - mas em vez disso continua a haver quem elogie o "heroísmo" de sermos o derradeiro país colonialista. 

A Pérsia, que passou a ser Irão,  domínio dos xiitas que sempre se opuseram aos sunitas, na esmagadora maioria árabes e otomanos, foi recortada pelos britânicos, retirando-lhes a sua cidade santa, Kerbala, a "Jerusalém dos cristãos"  colocada no inventado Iraque, que ficou  com 60% de  de xiitas, 20% de sunitas e quase 20% de cristãos e outras religiões (drusos, etc) - governada por um rei também inventado, Abdala, que era sobrinho do Governador de Jerusalém. Tudo compadrio e clientelismos.

O último Xa, Reza Palevi, foi um gatuno para os cofres do país, vendeu o petróleo escandalosamente aos americanos e ingleses para aguentar o Estado, impôs regras ocidentais - de um dia para o outro as mulheres que andavam cobertas pelo véu passaram a andar de  mini saia e decotes à americana, sem respeito pelas longas tradições do povo e dando lugar aos extremistas que depois  tomaram o Poder - duas famílias persas poderosas e rivais, os Palevi e o Khomeini.

Eu estive em Persépolis nas ruínas daquilo que foi um aldeamento de grande luxo que o Xa mandou construir para receber milhares de convidados  de todo o mundo,  só para festejar os 2.500 anos do Império Persa, e que deixou as finanças públicas na rotura -  um escândalo que o povo não perdoou.

Estas asneiras, sobretudo as  perpetradas ao longo  dos últimos dois séculos, explicam  a situação catastrófica em termos civilizacionais, que hoje estamos a enfrentar - apenas  começamos a enfrentar.   A cegueira e mesmo estupidez com que os países ocidentais se tem comportado não tem explicação nem desculpa. Os americanos são essencialmente ignorantes e embora possuam uma elite super educada e super instruída, científica e tecnologicamente superior, uma boa parte da população é medíocre e até parece que faz gala nisso. Só como exemplo, devia ser impensável que alguns milhões de americanos sejam criacionistas e tivessem escolhido entre estes   uma candidata a Vice Presidente, vinda do Alasca !!

O que os americanos fizeram no Iraque, já falei nisso anteriormente,  basta para vermos como a ignorância e a jactância dos dólares pode levar a tanto disparate com consequências trágicas.

Estar 20 anos no Afeganistão, com uma chegada que se pode justificar para punir o terrorismo que dali saiu e podia servir de exemplo para futuro, era uma coisa -  mas não ter percebido que o fenómeno dos talibans não se resolvia impingindo a democracia como quem vende armamento ou electrodomésticos, é outra coisa. E os europeus que se mantiveram lá são ainda mais responsáveis, porque tinham obrigação estrita de ensinar aos americanos um caminho diferente, em vez de terem sido coniventes e colaboradores de 20 anos de asneira grossa. Também quer dizer da queda do prestígio europeu, há décadas sem dirigentes com a categoria que a velha Europa exigiria.

Em vez de impingir democracia "burguesa" ocidental que levou muitos anos a ser contruída, com muitos sacrifícios, com séculos de resistência ao poder papal,  à Inquisição e aos fantasmas do feudalismo, o Ocidente tem que defender essa democracia, particularmente quando está a ser objecto de milhares de emigrantes de todas as etnias e religiões, e a principal regra que deve ser ensinada - e imposta -  a todos os que vem viver nos países europeus é a da reciprocidade. Tanto se me dá que isto seja considerado facciosismo por esquerdistas, mas a reciprocidade de tratamento é a base da convivência entre humanos que deixaram o Paleolítico há muitos milhares de anos. 

 O Islão tem as suas regras, da Sharia, das quais não abdica  mas os países não muçulmanos  devem  exigir que, quando vão visitar ou se instalam nos países muçulmanos, vejam respeitados os seus hábitos e posturas em sociedade, o que não acontece. E quando muçulmanos, ou hindus, ou  de qualquer outro credo, vem para o Ocidente tem que respeitar as regras de cá em tudo quando as suas regras conflituem - o vestuário é uma delas, como se sabe, em especial das mulheres. Não devemos conceber que na nossa terra se deixe uma pessoa andar de burka, pois debaixo dela pode ate estar um homem armado - é uma questão básica de segurança. Que andem vestidas dos pés à cabeça, coim véus, etc   mas a cara destapada: e não encham as nossas ruas e as nossas praças, como sucede em França,  de rezas no chão. Assim como as nossas autoridades europeias exijam que por cada mesquita a construir seja possível nos países "deles" construir nem que seja  uma capela...Se não fosse a sujeição dos EUA, Grã Bretanha e outras nações ao petróleo da Arábia Saudita e de outros potentados medievais  só pelos   negócios, a posição do Ocidente seria diferente.




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