Assim vai o mundo
Pode ser - a esperança é sempre a última a morrer, diz-se - que o mundo, sobretudo o mundo daqueles que acreditaram até agora que tudo o que acontece é natural e que os ambientalistas e outros que tais são uns facciosos lunáticos (como aquele abencerragem jornalista Gomes Ferreira...), pode ser que agora se iniciem a defender medidas gerais de defesa do Ambiente e de conservação da biodiversidade e das condições de emergência em que teremos que viver.
As ondas de calor surgem em todos os continentes: na Europa assusta, na ex-europeia Grã Bretanha está tudo seco e jogam o golfe em campos de sequeiro, o fogo propaga-se, falta a água; em algumas regiões chinesas também falta a água para milhões de habitantes; os fogos atingem até a Sibéria, os polos derretem e zonas que estiveram sempre sob gelo revelam agora o permafrost. No Paquistão morrem pessoas pelas chuvas catastróficas que têm caído... O mundo vai ter que acreditar nas alterações climáticas e na injustiça global que sufoca muitos povos.
Para metade da população mundial o limite de vida anda pelos 30 anos, quando nos países mais evoluídos aumenta imenso o tempo normal de vida e os velhos são um peso social grave para as economias em crise.
Em alguns continentes como Africa e Ásia perpetuam-se situações da maior desumanidade, esquecidas do resto do mundo: no Iémen não pára uma guerra que já fez milhares de mortos e deslocados, onde a "democrática " Arábia Saudita mantem a guerra com o auxílio dos EUA; na Nigéria e na Somália, como no Sudão e na Eritreia, juntam-se a guerra com a fome e a falta de água... Na Etiópia pratica-se um genocídio.
O fanatismo continua a assoberbar países e povos conduzidos por lideres de mentalidade medieval, destacando-se os muçulmanos que mantêm um fogo sagrado da sua luta religiosa um pouco em todo o mundo - embora existam cada vez mais muçulmanos com formação democrática e pensamento mais livre. Recorde-se que o Islão começou 7 séculos depois do Cristianismo e se retirarmos 7 séculos à Igreja católica estaremos em plena época de terror cristão, com a Inquisição e as suas mortes, perseguições e absolutismo fanático. Que seja possível um regime como o dos taliban no Afeganistão, sem que o mundo muçulmano se demarque declaradamente, é um absurdo.
A agressão que quase tirou a vida a Salman Rushdie é um dos derradeiros sinais de até onde pode ir a cegueira ideológica, e a festa que dirigentes do Irão fizeram é um sinal inquietante; como vão longe os tempos dum Omar Khayyan !!
Neste século XXI, a guerra movida pela Rússia contra a Ucrânia é um crime imperdoável, por mais que digam que à volta de Zelensky pululam neo-nazis - como se à volta de Putin também não os houvesse. E por cá, hem?... Mas é preciso não misturar o agressor com agredido nem colocar no mesmo plano o invasor e o invadido; por muito que seja questionável a adesão da Ucrânia à NATO, embora cada país possa decidir o que pretende fazer, há uma imensa diferença entre debater o assunto e discutir diplomaticamente - e se calhar estaríamos muitos de acordo contra essa adesão - e promover a invasão. Fica claro que esse foi apenas o pretexto, como já havia sido a invasão da Crimeia - mas também aqui há uma situação diferente, já que a Crimeia foi cedida ou oferecida à Ucrânia durante o regime soviético. O que Putin tem como objectivo, e veremos isso num futuro próximo, é reconstituir o Império moscovita desfeito com o desmoronar da URSS, ele já o disse - e ele é o iluminado que encarna a alma da grande Rússia! Aqui é que está o perigo.
A oposição ao imperialismo americano serve de leit motiv para Putin auferir apoios dos comunistas de todo o mundo e de alguns intelectuais de esquerda que, incapazes de dizerem que condenam a invasão, assumem claramente a simpatia pela Rússia, talvez esperando que Putin ou outro que o substitua venha a refazer a saudosa União Soviética - os países da Ásia Central que se cuidem, tal como alguns da Europa...
O que está em perigo é a democracia, guerreada por fora mas também por dentro; porque quando aqueles que promovem em liberdade a festa do Avante dizem defender os trabalhadores e o povo - qual povo, o povo que não é trabalhador? Faz sentido?
Entre o imperialismo americano que muitos de nós condenam e contra qual nos manifestámos ao longo dos anos, e o imperialismo russo é claro que prefiro viver com o primeiro - tenho liberdade para dizer, fazer e escrever o que quero e se estiver errado há tribunais para resolver a questão. Agora naquelas democracias musculadas em que a oposição vai parar à cadeia ( no mínimo) tal como acontecia na URSS e acontece na China e em todas as "democracias populares" que existem ( cujo modelo mais aperfeiçoado é a Coreia do Norte !!), interrogo-me como é que os comunistas que vivem nas "democracias burguesas" e desfrutam de todas as liberdades são tão sectários que preferiam a outra liberdade condicionada? Só porque lá era eles que estavam no Poder? Custa a entender, mas se isto é indesculpável em cidadãos europeus ou doutros continentes que vivem em democracia, já é compreensível no seio desses povos que nunca conheceram os nossos valores.
Quem nunca foi bafejado pelo Renascimento, depois pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa, não pode sentir colectivamente o sabor da liberdade plena e responsável da democracia e do Estado modernos.
Curioso é que por exemplo o Japão, que até à 2ª Guerra mundial era um país reaccionário e retrógrado, depois assumiu a liberdade e a democracia de forma tão consistente. Daí a perspicácia dos americanos que pouparam o Imperador e sistema imperial japonês, e tenho para mim que foi esse o factor decisivo para todo o povo reconhecer que se o Imperador era democrata todos eles o devem ser também. Curioso.
Já a Coreia do Sul é outro exemplo asiático onde o regime democrático prospera em comparação com a barbárie patética do norte.
Claro que este Ocidente é ó mundo do capitalismo, e estrando arreigadamente a favor do controle desse capitalismo e na demarcação permanente do neo liberalismo ( já falei disso tanta vez!!) que corroe a soiciedade e +e reposnsável pelas sucessivas crises nos ltimos dois s+ecukos .- apezar disos
Vamos pensando nestas coisas - mas a liberdade é sagrada, antes vivo que preso seja a que for, já dizia o melro de Guerra Junqueiro.
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