A morte medicamente assistida.
Continua a saga da lei sobre a morte medicamente assistida, que se tem
revelado como mais um caso de antagonismo clássico entre conservadores
reaccionários e progressistas, confronto que está para lá da dicotomia
esquerda e direita.
Como escreveu neste jornal um especialista, as sucessivas mudanças - qual
ping pong entre Belém e o Tribunal Constitucional - parecem afinal
destinarem-se mais a sossegar a consciência das pessoas que decidem (
ultrapassando a Assembleia da República!!) do que quererem a melhor
opção para quem sofre sem remédio.
O suicídio assistido será sempre uma possibilidade, mas para quem já
assistiu a um doente terminal, consciente do seu estado a quem os propalados
cuidados paliativos adormecem a dor física mas nunca o sofrimento psicológico,
não pode negar a não ser cinicamente e por hipocrisia, que, com todos os
cuidados medicamente irrecusáveis, só a eutanásia pode ser a solução.
Quem como doente terminal pede para si a eutanásia não está a impor essa
vontade a outras pessoas, ao contrário dos que querem impedir esse acto de
misericórdia que pouco se importam com o sofrimento e a vontade do doente.
Carta ao director, enviada a 6 de Abril ao PUBLICO e nunca publicada
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