sexta-feira, 28 de abril de 2023

 O planeta a caminho da rotura

Não têm faltado avisos e recomendações sobre o caminho em direcção ao precipício que a Humanidade  está a imprimir ao planeta. O planeta não morre nem explode, os seres humanos e muita da vida, cujo fenómeno devíamos  celebrar todos os dias, é que desaparecem.

Continuo a pensar que todos os técnicos que acompanham as investigações e estão conscientes da realidade, devem dar publicidade a todos esses avisos, tal faz parte da consciência cívica de cada um de nós que tenha noção das suas  responsabilidades cidadãs - e motivar as pessoas, a opinião publica mais ou menos indiferente, é uma tarefa de todos os que podem propalar os avisos. JÁ ME TÊM DITO, NÃO VALE A PENA ESCREVER OU FALAR, QUEM DEVIA LER ESTES ARTIGOS NÃO LÊ - TALVEZ ALGUNS LEIAM OU VENHAM A SER OBRIGADOS A LER. NÃO PODEMOS É DEIXAR DE INSISTIR.

É que, por mais avisos sérios dos investigadores que estudam a ciência física das mudanças climáticas, não só continuam a existir os negacionistas e os egoístas que se aproveitam dos lucros que ainda podem ter ( carpe diem, aproveitemos o presente e esqueçamos o futuro) como os Governos dos que dizem acreditar tomam apenas ténues medidas que dão alguma esperança mas muita desconfiança sobre a sua eficácia.

O IPCC que funciona na ONU como ponta avançada da investigação, todos os anos publica os seus relatórios que são cada vez mais  aflitivos.

O apregoado limite de 1,5ºC já  deixou de ser cenário para uns 950 milhões de pessoas no mundo para quem a realidade  é  a  da escassez de água, o stresse térmico e hídrico ou a desertificação de vastíssimas regiões. Mas ultrapassar aquele limite do 1,5ºC ainda provocará impactos mais catastróficos.

No nosso país não se foge á regra geral, embora na Europa se tenham vindo a dar, apesar de tudo, os passos pequenos mas  importantes  : muitas palavras de circunstância mas poucas medidas concretas; e no entanto os cientistas afirmam que ainda é possível,  talvez já não eliminar, mas  desacelerar o progresso das  alterações climáticas.

O fundamental e obrigatório será parar o uso de combustíveis fósseis, que são a principal causa do aumento do efeito de estufa. Os níveis de CO2 aumentaram 47,3% e o metano (CH4) aumentou 157,8% - o primeiro permanece na atmosfera por uns 2000 anos, o segundo uns 12 anos mas é muito mais potente e perigoso que o anidrido carbónico.

Algumas das medidas fundamentais são  a recuperação de ecossistemas florestais, rearborização de  maiores áreas com as espécies adequadas, práticas agrícolas mais sustentáveis com a experimentação de novas culturas adequadas às actuais e futuras condições climáticas-

O aumento das áreas florestadas tem que ter em conta o risco dos incêndios, os quais podem ser cada vez  mais intensos - daí a exigência de estruturas eficazes e mais económicas  de gestão e defesa das áreas florestais ao longo de todo o ano e não concentrar esforços apenas no combate aos fogos -assim é ir atrás dos prejuízos e não procurar evitá-los

A remoção do carbono é a chave para atenuar a evolução actual do processo climático e envolve além das medidas acima afloradas, o restauro das zonas húmidas costeiras e litorais, a manutenção de charcos, sapais, turfeiras, pradarias marinhas - são todos absorventes naturais de carbono. Hoje já se preconiza a expansão da cultura de algas em áreas maiores  e mais profundas que possibilitam a reciclagem do plancton marinho, armazenando no fundo dos oceanos maiores quantidades de carbono; e até aumentar a alcalinização das águas oceânicas.

O cenário é pois suficientemente grave para que se tomem medidas urgentes e consistentes a nível mundial  - aos olhos de toda a gente são visíveis os fenómenos de secas e stresse térmico, o recuo dos glaciares sem precedent0s nos últimos milhares de anos, o nível da água dos mares a subir, pondo já em risco milhares de pessoas em áreas costeiras e ilhas do Índico e do Pacífico. 

Mas aqui ao pé  de nós também: ainda em recente estadia na Ria Formosa foi constatado que os sapais que nunca eram cobertos pela maré, agora - e nem sequer são as maiores marés do ano -  ficam todos submersos, quem anda na Ria há décadas pode testemunhar este facto.

 No nosso mundo as condições das populações e dos seus Governos  não são nada as que mais favorecem os cuidados a ter com o planeta:  com a continuação da suja guerra imperialista na Europa, os conflitos irracionais um pouco por todos os continentes e a precaridade de vida de milhões de pessoas, é  difícil esperar que as autoridades da maior parte das nações tenham suficiente convicção, meios e vontade para actuarem com vista às alterações climáticas. 

Segundo o IPCC 3,6 milhões de pessoas vivem em regiões altamente vulneráveis às ameaças resultantes das mudanças climáticas, incêndios no Ártico e na Sibéria, a Antártida a perder milhões de m3 de glaciares, a escassez de alimentos na América Central e do Sul, na Ásia e na África subsaariana - não se podem adiar mais as medidas concertadas para retardar o tal caminho para o abismo. 

Eu pertenço a uma geração que despertou para os problemas ambientais e tentou fazer alguma coisa a favor do nosso património comum; muitos de nós começamos agora a convencer-nos que falhámos, não se deu o alargamento de consciência civilizacional que tornasse a nossa opinião pública mais exigente quando nem sequer os políticos profissionais  a assumem. A maioria dos nossos políticos têm traído a mensagem que as gerações anteriores tentaram fazer ouvir.

Todos os que sabem o que está a acontecer neste planeta que,  visto do Cosmos, é (ainda) azul, todos temos obrigação de alertar e fazer chegar as preocupações da Ciência a essa opinião pública- opinião publica portuguesa que anda anestesiada com tanta trafulhice e tanto golpe baixo na nossa via publica comum.










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