quinta-feira, 24 de maio de 2018

A   espuma  dos  dias

1- A direita do PS - Diz-se que Deus escreve direito por linhas tortas  mas Francisco Assis escreve  torto por linhas direitas... Ele e mais alguns companheiros estão ansiosos que chegue o diabo ao Governo de António Costa e a "geringonça" entre em derrapagem. Ele e mais esses alguns  outros não deixam de repetir, de tempos a tempo, o colapso eminente da opção de esquerda do PS, agora ate determinou que a opção de Costa é como o iogurte, tem prazo de validade. E se por acaso ultrapassar esse prazo, hen ? Porque é que ele e os outros que preferem uma coligação como PSD/PPD, não  se mudam com armas e bagagens para os amigos da direita ? O PPD recebia-os de braços abertos, ficavam a constituir a "esquerda" do PPD e talvez ajudassem Rui Rio a aguentar-se contra os falcões liberais que o cercam. Era bom para o PPD e era bom para o PS.

2 -O PS e os problemas das compatibilidades...  Não há volta a dar, o PS está constantemente enrolado em questiúnculas de compatibilidades entre o que fazem os seus ministros e secretários de Estado ( e Directores Gerais, etc). Será que António Costa quer dar cabo da sua auréola de grande político, que indiscutivelmente  é, por causa das relações menos claras que se estabelecem  entre cargos governamentais ou de Estado e as vidas privadas ? Lembremos-nos da quantidade de governantes que foram já visados e alguns substituídos por comportamentos menos claros,  mesmo que não sejam totalmente ilegais mas que são imorais, eticamente reprováveis. Membros do Governo ou de cargos oficiais que empregam as esposas, as filhas, os genros, etc, dão a impressão de que se trata tudo de uns complots e arranjinhos entre pessoas do mesmo clã, como se não se encontrassem pessoas capazes , e até mais capazes , fora desses laços familiares. Um dos que acho mais caricatos é a esposa do Ministro do Ambiente ser Chefe de Gabinete da Secretária de Estado do O.T. e Conservação da Natureza . Que independência de actuação pode ter um secretário de Estado quando tem a ver tudo quando ele faz ou decide a esposa do próprio Ministro ?!! Com franqueza, não se percebe como é que um político com a experiência e o "feeling" de António Costa  não faz um escrutínio rigoroso de todas as pessoas que mete em lugares de responsabilidade publica - antes que se comece a pensar e a dizer que afinal é ele que gosta das coisas assim..

3 - A lei da eutanásia -  A desfaçatez dos que se opõem à despenalização da eutanásia, de resto como já se esperava, tem contrastado com a sobriedade com que os seus defensores actuam, não deixando descarrilar pelo seu lado a discussão para patamares de imposturice e de pressão oportunista. Quem mais se evidencia, também já se esperava, é a lidere do CDS que, de tanto querer mostrar que é arrojada, passa muitas vezes para a insolência e o insulto, nomeadamente nas trocas de argumentos sobre qualquer assunto com António Costa - estala-lhe o verniz. E o argumento usado desta vez fala por si e pelo nível chocarreiro que ela imprime à discussão, dizendo que "instituir a eutanásia fica mais barato"; antigos e actual bastonários da Ordem dos Médicos invocam o seu dever deontológico para se demarcarem do processo  de aprovação, e querendo com isso talvez pôr em cheque os médicos que aderirem e há muitos de nomeada que aderem. E ameaçam com falta de consideração pela vida, com exageros e desvios  ( qual é a lei que não sofre desvios?) bem como a prioridade que deve ser dada aos cuidados paliativos - mas todos sabemos, até eu que não sou médico, que os cuidados paliativos só chegam a um certo patamar, o da dor. E o patamar da consciência de quem se sente sem autonomia de vida, de quem não quer ficar interminavelmente incapaz da sua autonomia e sofre horrores com isso? Como se resolve ? Misturam alhos com bugalhos, propositadamente para lançar confusão e descrédito.
Pelo lado dos que apoiam a eutanásia, tem primado a decência da argumentação ; saiu agora um livro, que vou adquirir,  que  se intitula "Morrer com dignidade" com depoimentos de pessoas idóneas. O Prof. Júlio Machado Vaz  numa entrevista ao Publico explica bem todos os argumentos dos que defendem a morte com dignidade  - e não venham dizer que este e muitos outros médicos não são dignos de credibilidade. Tenham os adversários a dignidade de reconhecer que quem não pensa como eles tem direito e tem alguma razão, como eles têm para si o contrário, Resta saber quem acompanha o andar do Tempo e quem fica, como qualquer reaccionário, a travar o avanço dos movimentos sociais. Sempre foi assim - com o aborto, com o casamento de homesexuais, etc.
" A morte assistida é o último degrau da autonomia do doente".
" A morte é o fim da vida, quero-a tão digna como tentei viver a vida que a ela conduziu".

4 - O Acordo Ortográfico (AO) e a indiferença da população 
São tantos os disparates resultantes da introdução, na ortografia portuguesa, das alterações trazidas pelo AO oficialmente em vigor, que a sua permanência só pode explicar-se na verdade pela indiferença e iliteracia da maior parte da população portuguesa. A fonetização da escrita em detrimento da etimologia empobreceu a nossa língua portuguesa e ao explicar-se o AO pela necessidade  de unificar a língua apenas se está a cooperar com uma aldrabice, pois  que nem sequer  todos os países dos PALOP aceitam - onde está essa unificação?
Um património tão grandioso como é a língua portuguesa não devia ter ficado entregue à decisão de meia dúzia de linguistas que se auto-consideram iluminados e de uns deputados que nem se devem ter apercebido do que estavam a aprovar na Assembleia da  Republica.
É uma deceção, perdão, uma decepção que a língua portuguesa esteja ser tratada desta forma perante o encolher de ombros da maioria das pessoas - mas quando se  apontam estes disparates a maior parte nem acredita, mas fica por aí. Que decepção mesmo !!







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