Situações inadmissíveis

Este mês de Julho tenho tido tanta  coisa para fazer e tanta deslocação que me faltou sempre o tempo para deixar umas linhas de memória.

E no entanto no nosso País e no mundo continuaram a surgir situações, casos e proclamações  que deviam ser impossíveis  se existisse normalidade entre as pessoas e  entre os Governos.

1- Para abrir, esta do impagável Trump acabada de ser conhecida : quer que a composição da Coca Cola seja modificada, substituindo o xarope de milho pelo açúcar de cana.  Decisão bem apropriada ao Presidente da maior potência  mundial, preocupado com tudo quanto se passa no País...

2- Somos um país terceiro-mundista, onde ocorrem situações  que só no chamado terceiro mundo, e do mais atrasado,  ainda acontecem. Aqui há uns meses foi aquela vergonhosa  cena da polícia, na Rua do Bemformoso, em Lisboa,  a colocar dezenas de emigrantes  de cabeça contra a parede e os braços levantados. Uma rusga que nem o Salazar consentiria que ocorresse, tudo coberto pela televisão,

Sempre que há um episódio mais ruidoso as televisões aparecem logo, próprio de um enquistado atraso civilizacional. Foi assim há uns anos com a prisão de deputado Paulo Pedroso, à porta do Parlamento, numa cena de nojenta propaganda política,  e com a televisão a cobrir para que o escândalo fosse maior.

E foi assim com a chegada de José Sócrates a Lisboa, vindo de Paris; ele estava a chegar, não estava a fugir ( e tenha ele os crimes que tiver, só os Tribunais podem julgar, embora já há mais  de 10 anos e...nada) e lá foram prendê-lo com a televisão atrás. Eu desconfio ( estou nesse direito!) que haja dinheiro por baixo da mesa a alguns policias...

E há poucos dias aquelas cenas degradantes da demolição das barracas clandestinas em Loures, deixando na rua dezenas e dezenas de pessoas  sem eira nem beira - claro africanas, de S. Tomé e de Cabo Verde. Mas não foi só o Chega a apoiar, o próprio PS com medo de perder aquela Câmara, veio em força apoiar o seu autarca.

Claro que a Autarquia viu nascer as primeiras barracas, viu todos os dias nascerem novas barracas e nunca interveio; como é que se tem a lata - e até o António Costa, lá de Bruxelas, veio apoiar, pois não ! - de pôr aquelas pessoas na rua sem antes se  ter programado qualquer forma de habitação municipal para as acolher?! Qualquer pais do tal terceiro mundo procedia assim.

 E não escapa a ninguém o racismo subjacente a esta  situação, a população vizinha não iria querer ter por companhia aquela negritude; e aquela espécie de papagaio falante, Marcelo, que andou a tecer loas em Cabo Verde e em S. Tomé e Principe aquando da comemoração das independências, não abriu a boca desta vez - ele que nunca cala aquela boca sobre as coisas mais insignificantes.

3-  Não  passa uma semana em que não surjam notícias, às vezes  vários dias da mesma semana,  sobre prisão ou indiciação por crimes de corrupção. São autarcas, agentes das polícias, comerciantes aliados a dirigentes de empresas públicas ou privadas, em todas as classes profissionais e ramos de actividade. Então burlas por causa dos fundos comunitários  não podiam faltar.

Toda a gente  se queixa da carestia da vida, dos ordenados baixos e de falta de oportunidades de melhorarem as vidas - mas não se consegue almoçar ou jantar num restaurante , quase até em tascas, sem reservar mesa . Está sempre tudo cheio - então de onde vem o dinheiro, se os ordenado são baixos ? Mais um mistério  deste jardim à beira-mar plantado...

4- Acabei de ouvir o Montenegro a dizer, referindo-se às suas ligações de medidas politicas recentes, nomeadamente  a legislação sobre a nacionalidade, e perante a reacção do PS, que o seu Governo prefere as propostas  do partido ( estamos a falar do Chega) que tem mais afinidades  com ele... Sá Carneiro deve dar voltas na tumba, e que, ao menos,  Montenegro evite invocar os fundadores do PPD!!

 Que mundo é este!!?

Já tenho idade para me recordar de várias décadas com problemas internacionais muito maus, mas creio que não me recordo de tanta crueldade, tanto ódio, tanto abuso de seres humanos sobre  outros seres humanos, sem apelo nem agravo !

Lembro a guerra das Coreias, lembro a guerra da Indochina depois Vietname, eram coisas lá longe e afectavam sobretudo aquelas regiões; lembro do logro que foi a invasão do Iraque com o motivo da posse de armas de destruição maciça que simplesmente não existiam,  e apenas permitiu acabar com o ditador Hussein - mesmo que depois  tenha vindo outro regime execrável; lembro do assassinarto de Kadaffi,  um ano depois  de eu  ter tido  a oportunidade única de visitar   aquele território riquíssimo em monumentos gregos e romanos, a maior colecção de  ruínas de todo o Mediterrâneo. E houve sempre guerras localizadas, como as do "corno de África" e pela África fora entre aqueles países descolonisados.

Agora ter uma guerra na Europa em pleno século XXI, só  porque um fascista se julga com poderes para alargar o seu território e quer submeter os outros ao seu domínio? Que é lá isso? O que o depravado Putin tem feito é sempre à sombra do pouco interesse que o resto do mundo lhe dedicava.

Assaltou a Geórgia, onde  eu estive há dois anos nas vésperas das eleições (fraudulentas peka accção de Putin), e ocupa até 20% do território, porque o mundo não ligou nada: encorajado invadiu a Crimeia - o resto do mundo protestou sem grande firmeza  - e isso encorajou-o a invadir Ucrània, antigo país da URSS. como a Geórgia e outros que agora lhe estão na mira. Nunca pensou   é que desta vez  a Europa se levantasse e, tal como outros paises, passassem a auxiliar miltarmente os ucranianos, dando-lhes forças e materiais para resistitrem  - e já vão 3 anos. Com a reviravolta no poder dos EUA, agora o fantoche do Trump tem dito e desdito que apoia a Ucrânia - com poucas provas desse auxílio, mas o certo é que estamos todos a forçar-nos a aumentar a capacidade de defesa porque um paranoico como Putin é capaz de tudo se estiver a ficar com a corda ao pescoço mais apertada. Ele que julgava que aquilo era mais uma limpeza e aumentava o seu território, afinal já vai nestes anos todos... Vem depois os pacifistas dizer que é preciso acabar com este negócio do armamemto - querem  dizer, mas não dizem - acabem com o fornecimento de armas aos ucranianos e ... assim acaba a guerra - pois claro, a tal paz que os russos, nem com o auxílio  de milhares de norte coreanos (carne para canhão...) conseguem obter.

Putin, antigo alto dirigente do KGB, tem a escola toda da subversão, do assassinato sem provas, da interferência nos governos dos outros países e na forma "limpa" de se ver livre dos adversários; estes ou saltam duma varanda  dum 7º andar ou são simplesmente mortos na rua ou envenenados cientificamente como o pobre do Navalny.

Como se esta guerra aqui ao pé da porta não bastasse, temos os sionistas fascistas que governam Israel a cometer as maiores barbaridades na Cisjordânia e em Gaza, só porque se querem apropriar do território, forçar os palestinianos a fugir ou a morrer  ( já morreram perto de 60.000) e impedir o Estado da Palestina. O facto execrávcel dum grupo terrorista, o Hamas, ter feito um morticínio  num colonato judaico,  não justifica que o próprio Estado judaico se torne ele mesmo num estado terrorista - chegam à loucura de  matar a tiro as pessoas que se amontoam para levantarem comida nos postos de entrega de mantimentos!! Onde é que pode aceitar uma coisa destas !! 

E para cúmulo do ridículo, daria para rir se não fosse tão  trágico, o bandido do Netanahyu  enviou uma carta ao Comité do Prémio Nobel, para que seja atribuído o Nobel da Paz ...ao Trump!!

O certo é que toda esta actividade bélica, e  as ameaças de ser cada vez pior, e ainda as variações climáticas que alteram o nosso comportamento no dia a dia, constroiem um ambiente de ódio e de insatisfação permanente que  contagia e a gente sente-se mal psicologicamente.  

 Este nosso tempo

Acho que já usei este título, mas é mesmo útil falar do nosso tempo.

Como se não bastasse já a guerra suja de Israel contra a Palestina, agora o regimem fascista judeu  abriu guerra com o Irão. Eu já visitei a Pérsia ( gosto muito mais de dizer esta velha palavra histórica) e é a terra de um povo magnífico, de simpatia geral e com um fundamento cultural que tem milhares de anos por trás. Há para ai 50 anos ou mais que teve o mau destino de ser governado pelos lideres relidiosos e quando os padres chegam ao Poder, seja em que relihgião ou pais for, nunca mais de lá saem a bem.

Sem o auxílio americano e o seu suporte na rectaguarda, os israelitas não abriam tantas frentes de guerra, e desta vez com o  Irão vão-se ver mal parados...

Este nosso tempo está a ser cada vez mais o do auge das extremas direitas, em quase todo o mundo, ou então de fascismos imperiais tipo Putin; pense-se nas semelhanças e diferenças  de comportamento da velha Rússia antiquada e escravizadora do seu povo, século após século e o "farol" da democracia ocidental que sempre foram os EUA.

E comece comparar-se a insipiente e mortal crítica dos russos face ao Poder ditatorial que os governa, e a reacção cada  vez mais audível do povo americano contra os excessos idiotas do Trump, perdendo o medo mesmo quando milhares de guardas e militares os enfrentam nas ruas.

 Governo recauchutado

O novo Governo  é o anterior apenas recauchutado; revelando a teimosia de Montenegro ou então,  por razões menos claras assim "à vista desarmada", inclui de novo a mesma Ministra da Saúde sobre quem pairam   sinais evidentes de ser prepotente e incompetente; com  o seu  fraco desempenho é responsavel, entre outras misérias, como ilustra a comunicação social,  pelas confusões do INEM de que resultaram mortes de doentes.

E desapareceu o Ministério da Cultura, agora associada ao Desporto e à Juventude, com uma Ministra de quem não se conhecem quaisquer ligações aos problemas culturais. Também não importa...  Cultura para quê? É como o Ambiente, só existe porque parecia esquisito que não tivesse um Ministério, e é a mesma paz de alma reconduzida como Ministra...

Surge um Super Ministro,  Castro e Almeida,  que acumula a Coesão com a Economia - agora é que vão ser as grandes negociatas da REN e da RAN com as Autarquias, sempre para defender o interesse  público...

A esquerda sofreu uma razia impressionante, fruto dos  exagreros e disparates que começaram com  o António Costa e o seu Governo que ficou a meio; a campanha do Pedro Nuno foi muito mai conduzida, sempre a insistir na mesma tecla da pouca ética do Momtenegro.

E cá vamos andando, cantando e rindo, com os "chegas" a aumentarem a sua presença, com um apetite devorador pelo bolo do Poder.

Sócrates  a pedir indemnização

Não faltará já muito para que José Sócrates peça uma choruda indemnização  e com razão; há mais de 10 anos que  a Justiça anda de volta dele e não  consegue uma acusação, até  que muitos dos seus supostos crimes pescrevem...

LEÃO XIV e Leão XIII

 O novo Papa ter escolhido como seu nome pontificio o de Leão XIV terá as suas consequências, porque se inspira em Leão XIII - e foi com este que se deu a grande reviravolta nas ideologias democráticas que haveriam de crescer e marcar todo o seculo XX. Se o anterior Pontífice se intitulou Francisco tomando como exemplo S.Francisco de Assis, também este agora deixou logo em breves palavras, após a sua nomeação,  que  tentaria buscar a justiça social que Leão XIII tanto defendeu.

E vale a pena ler a Encíclica  Rerum Novarum para se ficar a saber alguma coisa de muito interesse para a compreensão do que foi a cena ideológica no  século XX. Para o crente ou o não crente, a Rerum Novarum é uma leitura obrigatória.

Um breve apontamento sobre as duas ideologias em confronto.

Diz-se naquela Encíclica que uma vez desfeitas as corporações antigas  que davam alguma protecção aos trabalhadores, estes "isolados e sem defesa, têm-se visto, com o decorrer do tempo, entregues à mercê de senhores desumanos e à cobiça de uma concorrência desenfreada".

"A usura voraz veio agravar ainda mais o mal.Condenada muitas vezes pelo julgamento da Igreja, não tem deixado de ser praticada sob outra forma por homens ávidos de ganância e de insaciável ambição. A tudo isto deve acrescentar-se o monopólio do trabalho e dos papeis de crédito, que se tornam  o quinhão  de um pequeno número de ricos e de opulentos  que impõem assim um jugo quase servil à imensa multidão dos proletários."

"Efectivamente os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre operários e patrões, a afluência da riqueza  nas mãos de um pequeno número ao lado da indigência  da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível confito. "

Isto refere-se ao liberalismo, que estava num dos seus momentos de hegemonia nos finais  do século XIX, com a Revolução Industrial. A exploração dos trabalhadores que motivou Karl Marx e outros filósofos a comporem as suas teses de socialismo, que Lenine transformou em marxismo-leninismo, veio a revelar-se uma utopia  que se afastou, na prática, dos ideais iniciais. Quando o comunismo caiu na URSS e em vários paises europeus, o resultado foi o súbito surgimento de uma manada de oligarcas podres de ricos -  e a população sem nada.

Leão XIII  contesta as duas posiçóes ideológicas. 

Por isso  também denuncia os resultados do socialismo, naquela, altura referindo-se ao marxismo, intitulado de socialismo científico, deixando escrito : "Os socialistas instigam  nos pobres o ódio invejoso contra os que possuem e pretendem  que toda a propriedade de bens particulares deva ser suprimida, que os bens de um indivíduo qualquer devem ser comuns a todos e que a sua administração deve voltar para o Estado."

E adiante " A razão intrínseca do trabalho emprendido por quem exerce uma arte lucrativa, o fim imediato visado pelo trabalhador, é conquistar  um bem que possuirá como próprio e como pertencendo-lhe; porque se põe à disposição de outrem as suas forças e a sua industria, não é evidentemente por outro motivo senão para conseguir com que possa prover à sua sustentação e às necessdades da vida, e espera do seu trabalho não só o direito ao salário, mas ainda um direito estrito e rigoroso para usar dele como entender."

Se o trabalhador consegue amealhar uma parte do seu salário e com o tempo tem o suficente para comprar um terreno, esse terreno não é outra coisa  senão o salário transformado num terreno.

Emquanto o socialismo foi localizado e com o andar do tempo desapareceu ou ficou remanescente em Partidos únicos,  de ditadura, como na China e outros países asiáticos, mas onde prolifera  de novo a economia aberta de mercado,  o liberalismo continuou, mascarando-se por vezes com novas roupagens e intitulando-se de neoliberalismo.

Da Rerum Novarum saiu a doutrina social da igreja, a democracia cristã, e as suas advertências deram força a formas de socialismo democrático e à social democracia. 

Foram estas ideologias democráticas que trouxeram, ao Ocidente e alguns paises orientais,  as décadas de paz e progresso e a edificação do Estado Social de Direito. Durante as várias décadas do século XX os "liberalismos" intervieram e provocaram  crises ciclicas.

Com a queda do comunismo os liberalistas exultaram e o ingénuo Fukuyama proclanou o fim das ideologias, o Fim da História -  dali para a frente só permaneceria a ideologia do mercado livre. Não acertou em cheio mas o certo é que o"virus" do liberalismo infectou todos os partidos democráticos, uns mais outros menos.

E os excessos  do liberalismo tornaram-se o veiculo  dos fascismos e outras formas  de extrema direita, ocupando  ciclicamente o lugar dos partidos democráticos. 

Existem "partidos liberais" em quase todos os países, sempre partidos pequenos porque o essencial do mercado livre já está implantado nos demais partidos - o que esse liberais querem é o liberalismno total  e, claro, não encontram lugar. 

Aqui em Portugal temos também um  partido liberal,  a IL. que parece  ter ficado desolado com o fraco resutado eleitoral... É a sina...

Também temos os "chegas" que só percebem do liberalismo nas intervenções de alguns, mas o que são é populistas no pior sentido do termo - a mim não preocupam tanto, porque aquele bando de trogloditas pouco sabe de politica para lá dos  insultos e das ideias de mudar o "sistema".

A viragem à direita ( extrema...) 

Finalmente Portugal está ao nivel da maior parte dos países democráticos liberais ( ainda democráticos..) ao acolher uma forte votação dos "chegas" que não passam de um bando de opotunistas - mas oportunistas  perigosos se não lhes soubermos dar a volta. Dar a volta quer dizer conseguir alianças de governação entre as forças tradicionais republicanas que representem as diversas nuances de ideologias  limpas, deixando-os participar porque eles têm votos válidos de cidadãos, mas estabelecendo  linhas vermelhas que não podem  ser ultrapassadas.

As democracias iliberais são hoje cada vez mais numerosas e, depois de instaladas no Poder,é muito complicado tirá-las de lá, pois são lestas em mudar as leis por forma perpetuarem-se no Poder. Basta pensar em Orban e em Erdogan para estudarmos os golpes que dão:a democracia tem essa fragilidde - dá lugar a todos e depois sofre os abusos dos provocadores e ambiciosos de outras governações de "ordem e paz".

As democracias "musculadas"  têm agora apoiantes de peso  que investemn nas eleiçóes alheias por forma virá-las do  avesso. Putin e a Rússia são o melhor exemplo, e pela primeira vez na História  do mundo essa desgraça da direita radical e extrema chegou aos EUA com o palhaço do Trump. Não me surge outra expressão senão essa do palhaço, com o devido pedido de desculpas aos palhaços  que alegraram e alegram as mocidades com as suas  piruetas e os seus  esgares.

Mas já toda a Europa conhecia a força da direita radical - Itália,. Alemanha, França, Países Baixos,Suécia (quem diria!), etc e nós não podamos ficar de fora da vaga. Temos é que navegar a vaga, com arte coragem e mostrar os  ridículos e os podres dessa gente que veio para "limpar" o País. Tenham  tento e vergonha, e nós resiloiência  para ultrapassar esta crise do ciclo dos fasismos .

Uma vergonha mundial

O que se está a passar em Gaza é uma vergonha mundial, é o exemplo da contra-política que Trump anda a impôr e que permite a um celerado como o que governa Israel  ultrapassar todas as linhas vermelhas  da ética, da verdade, da vida internacional. Como é possível  que neste século XXI o mundo assista quase impávido a este genocídio perpetrado sem a minima ponta  de vergonha?

Eu escrevi uma carta ao director do Publico que, mais uma vez, não publicou - para eu sentir também vergonha de continuar  a enviar textos para aquele jornal. Aqui vai.

" Raras vezes escrevo sobre  assuntos fora  da minha esfera   profissional, mas há um tema que cada vez mais nos atinge a todos,  na nossa dignidade de seres humanos. É aquilo a que chamo a vergonha mundial.

" Gaza a vergonha  mundial.

Como é possivel que em pleno século XXI o mundo assista impavidamente ao morticínio que os sionistas fascitas que governam Israel continuam a cometer em Gaza?! Reuniões dos figorões  maiores da cena mundial - viagens, almoços e jantares, troca de galhardetes e de  salamaleques - nada resulta para que os israelitas ponham fim a esta tragédia. Claro que vêm logo com a prática terrorista do Hamas, como se os actos tenebrosos dos terroristas possam alguma vez justificar  e desculpar que um Governo de  um Estado trate desta forma um povo inteiro.

E não me canso de realçar o cinismo e a incompreensível  ausência de uma tomada de posição dos Estados islâmicos, os quais com tanto dinehrio, tanto fausto e tantas renuiões com os líderes mundiais, afinal não mexem um dedo para acabar com o genocídio de um povo-irmão que tem o azar de não possuir petróleo ou outros recusos como as "terras raras". É a maior vergonha do século XXI -e todos os países assobiam para o lado!! "

 Por cá, tudo na mesma...

Estas eleições caracterizam bem o tempo que vivemos, em que a ética por um lado, e a ideologia, por outro são assuntos mortos para uma boa parte da nossa gente.

Os populistas e demagogos  dos "chegas" estão com tantos votos como o PS, que perdeu em toda a linha;  é curioso pensar que estes da  extrema direita dominaram de novo o Algarve, mas espectacularmente  em Setúbal e em Beja que foram sempre bastiões comunistas -  pergunta-se como é possível passar da extrema esquerda para a extrema direita, mas a justificação parece fácil.

A gente pobre e mal remunerada  daqueles antigos  bastiões do PCP chegaram à conclusão que este nunca lhes resolvia nada, empolgava-os com manifestações e palavras de ordem, e depois nada. Eis que surge outro grupo, de que eles nem sabem a ideologia,  a falar exactamente naqueles problemas que consomem a vida da população menos afortunada  - com cenas televisíveis do "chefe" a falar alto e bom som, a desrespeitar tudo e  todos,  e  é evidente que  o pessoal alinha - pode ser desta vez que as suas carências sejam atendidas!!

No Algarve a illiteracia é muito vasta, muita gente -que todos conhecemos - "emprenha" pelo ouvido e  existe muito pouca noção de democracia- se eu citar nomes , ficaríamos espantados...

O PS teve uma campanha  fraca, o PNS todos os dias e em todas as ocasiões falava sempre no golpe de Montenegro com a sua empresa privada  em consonância com a sua posição de Chefe do Governo - quando já estava à vista de todos que esse assunto não mexe com as pessoas, passam ao lado. Como já aconteceu com o Isaltino Morais  que até esteve preso por corrupção, e mal foi solto voltou a ser consecutivamente  eleito para a Câmara pois "ele rouba mas faz obra! ". 

Esta maré da chegada da extrema direita populista e demagoga que tem vindo a invadir o mundo inteiro  e encontrou em Trump o melhor  exemplo, faz parte  de um ciclo civilizacional  em que o liberalismo mergulha as sociedades.

É dar razão ao Fukyama que decretou há umas décadas atrás que morreram as ideologias - só ficou a lei dos  mercados

Os partidos democráticos só a custo,  em alguns países, têm conseguido travar a ascensão protofascista pois quando esta se instala, passa a ser muito dificil mudar o rumo do país;: eles são peritos em alterar as Constituições e arrajarem  meios de se eternizarem no Poder; tem sido assim na Turquia, na Hungria, na Eslováquia, na Rússia com escandalosa morte dos adversários - é o panorama que assusta a França, a Alemanha, a Itália, etc  - e temos que nos dar por felizes de, por cá, ainda não atingirmos esse nível de sufoco.

 Vergonha de um mundo sem honra

O que continua a passar-se no mundo são situações que revelam o pior que a Humanidade é capaz de praticar. 

Para invadir a Ucrânia a Rússia, atravéz do novo czar ex-comunista e agora oligarca podre de rico e ambicioso por um Poder cada vez maior, usou os mesmos argumentos que Hitler usou  quando comegou a 2ª Guerra Mundial -invadiu os países limitrofes para proteger as populações germanófilas. Agora Putin alega proteger as populações russófilas que estariam a ser  escravizadas pelos ucranianos; mas já fizera o mesmo  na Chechénia e na Geórgia, aqui onde eu estive nas véspeas da eleições e onde 20% do território está ocupado por tropas russas, além de ter subornadà custa de milhões de dólares que entraram para subverter as eleições e falsear a contagem das listas das votações, que se recusaram a  publicar, contra a maioria da população que é pro-ocidental.

O Oligarca neo czar já declarou  bem explicitamente que a queda da URSS fora uma calamidade  e era preciso repôr a grandeza da Rússia.  Os paises limtrofes que se cuidem !!   

E com a intervenção meramente comercial  de Trump, para quem tudo se compra e se vende pelo valor mais adequado aos interesses em confronto, com o dinheiro a valer mais que a vida e a honra dos povos, a situação de paz na Ucrânia  está a ser negociada como uma troca qualquer de mercadorias ... e pessoas.

Mas se uma escala da vergonha existir, o genocídio dos palestinianos por Israel está a ser pavoroso, com a cumplicidade explícita dos EUA. Mas eu aqui chamo sempre à colação o cinismo  e a falta de vergonha dos paises árabes, que não são capazes, por medo de entrarem em conflito com os judeus, de darem um passo en frente e impedirem a chacina  hedionda que os judeus estão a praticar, matando e   impedindo  que aos paupérrimos  palestinianos cheguem a água, a comida e ajuda Humanitária. Matar civis,  milhares de mulheres  e crianças,  pela fome- estarão os judeus a remomerar o que os seus avós sofreramn no Holocausto e querem mostrar que aprenderam?...

Destruição de escolas, de mesquitas e de hospitais onde morrem não apenas os doentes mas também os médicos  e o pessoal auxliar dos hospitais, além de jornalistas...Pode continuar o mundo calado? Estarmos nas piores tragédias  humanitárias como sabenos que se viveram na Idade Média, não faz os grandes Países do mundo reagir neste século XXI?  É humilhante para os nossos paises que  o mundo assista impávido, apenas com palavras de circunstância, a esta carnificina?!! Onde estão Guterres e a ONU ? Guterres porque não viaja de país para país para tentar falar com os decisores das guerras e levar consigo o peso da maioria dos países da ONU ?

Gaza está a ser sistematicamente arrazada, num processo de contínua acção para que a população saia do território; o fascista Netanyhau  (nem  sei como se escreve) declara ao mundo que o objectivo é fazer o que o fantoche cor de cenoura disse : retirar a população dali para outro país qualquer, porque não nas  estepes russas ou chinesas ?

E o mundo não reage, acomoda-se!Estamos realmente  numa época de insensibilidade  da humanidade ou dos sectores dessa humanidade que eram tidos como mais conscientes e intelectualmente evoluidos.

Entre o Paquistão e a Índia recomeçaram  os actos de agressão na Caxemira, região de grande beleza  paisagística, e de fértil agricultura. Eu já  lá estive , com a minha mulher e  mais duas amigas. A entrada  foi de noite, vinhamos  do Ladake  e atravessámos os Himalaias de noite, por ser menos perigoso,  toda a noite até chegarmos  a Srinagar  às 6h da manhã.

Ficámos num house-boat,   amarrado na margem do lago ,  um lago maravilhoso, grande como um mar, repleto de flores de lotus e de nenúfares.

A viagem incluia a ida a Ramnu, a parte paquistaneza, mas não foi permitido. Visitámos o tumulo do profeta israelita  Iusuf ( Jesus...) numa mesquita sufi, às 6 e meia da manhã por causa das perturbações- havia tiros  por todos os lados...

Ao terceiro dia fomos evacuados pelo exército, com  as malas amontoadas numa gôndola, e atravessámos a remos, durante 1 hora e meia,  o lago para a outra margem onde nos esperavam  os camiões da tropa e lá fomos para o aeroporto entre multidões ululantes. Turistas  estrangeiros só nós os quatro e outros tantos gregos  que se juntaran a nós...

Que aventura!!

No  meio das misérias, das guerras, da fome, dos bombardeamentos,  ainda há felizardos como nós que se atrevem a entrar nestas zonas de perigo... 

 Em plena campanha eleitoral,...

...temos assistido a peripécias que falam da pouca  qualidade dos nossos políticos de carteira, mas não se deve estar constantemente  a denegrir estes encontros  televisivos ou na rádio - manter  a democracia exige esses  confrontos. 

Eu sou daqueles que passaram uma boa parte da vida sob a ditadura patética de Salazar e Caetano, com as "conversas em famlia" a quererem ser o grande momento de contacto entre o governante e o povo.

Os do  meu tempo lembram-se da qualidade generalizada dos políticos  da primeira fornada da nossa democracia : gente que vinha da oposição ao fascismo salazarista, de todos os quadrantes. Recordo-me de um amigo da Madeira, que era comunista  mas muito boa pessoa, que me disse que mal começasse o jogo democrático a aquecer  viria aí um regabofe. E foi mesmo, foi-se perdendo a qualidade da maioria dos políticos que entraram nos parlamentos destas últimas décadas.

Comemora-se agora o aniversário - 51 anos -  do PSD que começou  por ser PPD, e eu nessa altura, acho que já escrevi anterirormente, dei-me bem com Magalhães Mota e lembro-me muito bem como pensavam e falavam, os fundadores  Sá Carneiro, Balsemão e M, Mota. além de outros como Sá Borges.

Hoje nesta comemoração deviam os actuais gerentes do PPD  evitar o abuso  de elogiarem os fundadores, porque nada tinham a ver com as saloíces do actual grande líder Luis...

 Que tempo é este, que país e que mundo são estes?

Nem dá vontade de escrever, tantos são os factos incompreensíveis  que nos saltam à frente todos os dias.

- Eu vivo há uns quarenta anos no Algarve e não me recordo - nem as pessoas de cá mais velhas a quem interrogo - de tantos meses de invernia como este ano. Estamos em Maio e continua a chover quase todos os dias e com uma violência de chuvadas que só em casos de tempestade às vezes ocorriam. E as temperaturas andam no Algarve abaixo da região Norte - está tudo invertido! Está a ser um ano totalmernte atípico.

- Este país vive uma situação de instabilidade politica que nos  deixa  estupefactos pelos motivos que a isso conduzem.  O que mais me preocupa e devia preocupar toda a gente, é a falta de ética republicana que se evidencia nestes politicos. Então o primeiro  ministro é um caso de estudo, e que acaba por deixar "classificados" os portugueses que votam nele. Já não será a primeira vez que se diz que" ele rouba mas faz obra", aplicado a outro poítico - aqui não será o caso de roubo mas apenas de credibilidade, ele engana...mas faz obra.

- De resto a justiça foi sempre a mais grave lacuna da nossa democracia, e uma democracia sem justiça justa e célere  não vai longe -rapidamente dará lugar aos populismos reaccionários. 

- A primeira vergonha foi o caso dos juizes que pertenciam aos infames tribunais da ditadura terem sido muitos deles integrados no novo regime, além dos que se aposentaram. 

- E mais tarde Cavaco Silva negou um auxílio financeiro a Salgueiro Maia que estava em fim de vida, mas  foi  dar esse benefício a dois inspectores da PIDE por bons serviços  prestados à Pátria. Seria para rir se não fosse trágico!! 

- A fuga dos PIDEs que estavam presos foi a segunda grande vergonha, foram para onde? Não terão alguns Partidos politicos  dado emprego a esses facínoras como agentes de segurança?  Ficou-me sempre esta duvida.

- No início dos anos 80  houve o julgamento do assassinato de Humberto Delgado e foi outra vergonha: quem era afinal o unico culpado estava em fuga para Angola e, no fundo,  o único culpado mesmo  fora o Salazar...

-O caso de Sócrates é paradigmático: não sei se ele  é culpado ou inocente, só o tribunal o dirá - mas há para aí uma década que o processo se arrasta e ele não chega a ser julgado!!  Começou logo pela forma como o foram prender ao avião em que regressava a Lisboa - ele não ia a fugir, estava a chegar e fez-se aquela cena, ofensiva da dignidade de qualquer pessoa, que foi ter lá a Tv a filmar.

- Estas denúncias do Ministério Público com nítido caráctrer político  são outra das nefastas situações da nossa Justiça.     Posso estar a fazer parte de "uma teoria da conspiração" mas aquele despacho que levou à demissão de António Costa tinha que ser assim e naquela data: ele só tinha 6 meses para prerparar a sua candiatura ao Conselho da Europa, tinha de sair do Governo  naquela altura... Foi um negócio que envolveu a PGR e o Presidente Marcelo,  tinham de estar todos em consonância. Um dia vai saber-se... 

- O anúncio de uma hipotéica fraude fiscal de Pedro Nuno Santos, foi feito pelo Minstério Público  (MP) como resposta a uma denúncia anónima. O MP  deu essa notícia na véspera do debate  televisivo entre Pedro Nuno e Luis Montenegro e não teve sequer o cuidado de procurar saber que essa mesma denúncia tinha sido feita pela primeira vez há mais de um ano e fora arquivada pelo MP por inexistència de factos criminais...

- Então esta tomada de posição pública do MP foi inocente? Ninguém lá de dentro do MP avisou  o PGR que o assunto já era velho e tinha sido arquivado?  Não me digam que o PGR  é 100% isento e desconhecia  ao dar a notícia, mesmo falsa, na véspera do debate -  e quando Montenegro andava já há dois meses acusado das falcatruas com a sua situação de empresário e primeiro ministro-  o "pobre" do PGR não  tinha  qualquer intenção política... 

- HOJE, 8 DE MAIO passam 80 anos sobre  a rendição da Alemanha  nazi que, só falhou em ser êxito total, por não terem conseguido prender o Hitler vivo !

-80 anos depois, a Europa e o mundo estão a ser invadidos por hordes de  autocratas, anciosos por reporem  a lei e a ordem dos mais fortes, por qualquer preço. E quem haveria de pensar que o principal exemplo veio de onde  se considerou  sempre ser o farol da democracia liberal no mundo, os EUA?!!  Na própria Alemanha  está a impor-se como principal partido o Partidfo neo-nazi !!          Cada dia que passa aumenta o nosso espanto perante as  peripécias do fantoche ou palhaço de cabeleira côr-de cenora  que se diz e contradiz sem qualquer dificuldade.

- A malta de que Trump se fez rodear brada aos céus, e a imposição que ele está a fazer sobre as liberdades democráticas,  sobre a insenção dos tribunais e sobre a autonomia das universidades são actos e pensamentos de um ditador, ainda por cima falho de autoridade moral e rodeado por capangas como aquele nojento multimilionário  Musk  que, como um dos seus primeiros actos, foi ir saudar a lídere do partido nazi alemão.  Dizer mais para quê? Na América do Norte e do Sul, na Europa e a par da ditaduras comunistas ou fascistas que existem, como a de Putin na Rússia (que  é a paixão dos comunistas  portugueses...), um pouco por todo o mundo o neoliberalismo levado ao seu extremo está a dar nisto - a perda de valores da evolução da humanidade a favor do comércio e dos lucros, doa a quem doer.. 

- E a guerra nojenta que os fascistas israelitas esrão a  cometer na Palestina, apoiados pela ideia ordínária até à obscenidade,  de Trump querer fazer de Gaza a nova Riviera mediterrânica... Se o terrorismo  do Hamas não tem perdão ou desculpa, o terrorismo judaico é vergonhoso.

-E a guerra suja de Putin a contra a Ucrânia, a série  de falsidades e  ofensas que têm dito  contra Zelensky só   porque ele tem tido o mérito e a enorme força psíquica  para defender o seu País e só porque, afinal,  ele era apenas um actor de televisão.  Como se os EUA não tivessem  tido já um actor mediocre de cinema como Presidente!. E como se quem  não fôr  intelectual de primeira linha não tem categoria para comandar os destinos dum País...

- Ninguém fala, se não em surdina, das misérias humanas de milhões de pessoas no Sudão, na Etiópia e em toda região do "corno de África"...

Falta-me ânimo para escrever mais. Leva-me a pensar nesta  expressão  que um rapaz que conheci na Geórgia, perante a vitória fraudulenta do partido pró- Putin, me escreveu: "Sr Fernando, nem tenho energia para lhe escrever mais !!"

 País  governado por parvos

É preciso serem parvos ( do latim parvus que quer dizer pequeno) para os membros  do Governo não  festejarem o 25 de Abril por causa do funeral  do Papa Francisco, quando é certeza para quem  se inteirou dos  princípios  e das emoções de Francisco, que este mandaria que se festejasse um dia como este, da liberdade e da democracia.

Só os pequenos de consciência e de convicções é que podem ter decisões destas - e todos os membros do Governo, ao que parece, acatam e não participam nas comemorações festivas deste nosso grande DIA DE REDENÇÃO. 

Eles lá sabem porque se escondem atrás dum motivo destes para faltarem às festividades...

 Factos horríveis

Não há escala do horrível quando  se trata de matar inocentes, mas o que está a acontecer no chamado mundo ocidental passa toda e qualquer graduação.

Putin, o filho d..  ... que o seu nome parece indiciar. acaba de mandar assassinar mais de 50 civis  ucranianos num bombardeamento  em Sumy, com bombas de fragmentação. Como é que isto é possível de continuar a suceder se não como sinal do desespero  deste fascista russo?! 

Como se isto não fosse já terrível de acontecer no Ocidente, eis que chega a notícia de outro filho da ..., que está á fe

rente de Israel ( dos pobres coitados judeus assassinados aos milhões no século passado...) que continua a matar civis palestinianos  com o apoio de outro  excremento humano chamado Trump que governa democraticamente os EUA, a maior potência mundial.

Foi preciso chegar a este século para confirmar que os grandes assassinos da Humanidade, ao longo dos  séculos, continuam a existir apesar da pseudo consciência que os homens, nomeadamente os ocidentais, terão  adquirido... 

E surgem outros, em todo o mundo e por cá, que hipocritamente não têm coragem para dizerem explicitamente o que propõem - são os pacifistas, que apregoam aos céus o castigo dos que fornecem armas para "estimular" a guerra em vez de se baterem pela paz. Deixem de fornecer armas e enriquecer os magnatas do armamento - é o que dizem os pacifistas, mas nunca explicitam os detalhes e nos detalhes é que se esconde o diabo.

Quanto à Ucrânia este apelo é manifestamente a prova do cinismo e da cobardia de não quererem dizer na verdade. aquilo que desejam: que se deixe de enviar armas para os ucranianos. Pois, se isso acontecesse, o filho d. ...  do novo czar russo esmagava a Ucrânia, ocupava o seu território como fez ao longo dos últimos séculos pelo mundo fora, e eis que se encontrava a paz. É o sonho dos pacifistas. 

Eu um dia destes ainda publico uma série de guerras e ocupações cometidas pelos russos enquanto nós, no século XX, gritávamos contra os EUA e a NATO.

Falam em mesa de negociação? É como o de Israel, conversar apenas serve para arranjar pretextos de continuar as chacinas.

Hoje estou mesmo mal educado, já sem paciência para continuar a assistir a tanta chacina: esses pacifistas que vão à ...  !!...

 As  declarações de Trump continuam a ser um chorrilho de asneiras, insuportáveis para todo o mundo. 

As últimas  palavras proferidas na reunião com apoiantes ultrapassam tudo quanto é possível admitir e pasma-se como tantos milhões de americanos encaram esta situação até com satisfação. O homem, se não ensandeceu, agrava cada dia o seu estado mental - e espera que o mundo lhe vá beijar o cu... 

Não há força nos EUA para o meter no manicómio ? Ele precisa não é de prisão, é de manicómio!!

Não vale a pena perder mais tempo com isto, foi só para ficar registado...

 Nestes tempos...

Atravessamos tempos complexos, em que o lucro e a ganância impõem as suas regras - ou a falta de regras.

O neoliberalismo - que de neo não tem nada, é sempre o mesmo desde o século XIX quando a economia que propunha  passou a ser controlada pelas finanças - arrastou-nos para mais uma crise mundial, e arrastou-nos igualmente para mais um apogeu da extrema direita pro-fascista. 

Meteu-me asco aquela cena de Trump a dizer, arreganhando a boca num esgar de arrogância, que "agora comandamos o mundo" e " telefonam-nos de todos os países do mundo, pedem para falar connosco...". Claro que os pinguins e as focas da ilhotas da Antártida, que receberam um aumento das tarifas de produtos de exportação, não lhe vão telefonar... 

Quem é que foi poupado a estas tarifas? A Rússia onde Putin,  um fascista ainda pior,  se deve rir com tanta falta de vergonha do seu homólogo americano. Os nossos comunistasinhos do PCP lusitano devem estar eufóricos. o seu ídolo russo agora equiparado a outro símbolo da democracia que eles apreciam...

Foi também marcante a viagem do facínora  que governa Israel à Hungria de Orban. o indecoroso governante - cavalo de Tróia na UE -  felizes ambos  por desrespeitarem o Tribunal Internacional. Quem agora ataca Israel é logo apodado de apoiar o Hamas (um grupo terrorista do mais execrável que há neste mundo) - é a forma de tentar evitar que se critique  o genocídio que os judeus estão a cometer na Palestina_ e que só é possível por ter o apoio do Trump . 

E por cá... 

Não é novidade para ninguém a falta de vergonha do nosso primeiro ministro, com a trapalhada de encrencas en que se meteu - por mais que diga que a culpa da queda do Governo foi do PS ( e eu nem sequer estou a defender o PS)  - o executivo caiu porque ele apresentou no Parlamento uma moção de confiança de que estava avisado, desde  semanas atrás, que seria derrotada. Mesmo assim apresentou a moção,  porque não queria perder  a ocasião de, com esse estratagema (mas engana-se porque aquela falta de vergonha vai voltar ao de cima) parar as sucessivas e implacáveis cenas de descrédito.

Pois dizem agora algumas sondagens que em termos de seriedade ele está à frente de Pedro Nuno Santos  (que até agora não  foi acusado de qualquer falta de ética) ; ou os portugueses  continuam com aquela versão de "ele rouba mas faz obra" ou as sondagens são falseadas.  Tenho pouca confiança nas sondagens, não é difícil  para quem as executa, embora se diga sempre que a escolha dos interrogados é  aleatória,  fazer as chamadas para números já anteriormente usados ...

Triste tempo este, em que se está a desbaratar a democracia com tantos ataques à verdade e com recurso a tantas manobras partidárias.  Já são poucas as pessoas de mérito que se interessam em participar activamente na política,  porque se tem tratado de baixa politica.

Nesta época de crescimento das autocracias se não tivermos cuidado acabaremos com um regime de "salvação nacional" de que já conhecemos  o que quer dizer. 

A nossa sorte é  termos tido -  até agora...- o grupo folclórico dos "chegas" a quererem serem eles  limpar o país, porque estes é que correm o risco de virem a ser limpos - é uma fésada que eu tenho...

 Carta ao director de PUBLICO,  18-'03-25

Um Museu de Salazar e do salazarismo

Volta a surgir a controvérsia sobre a criação de um museu dedicado ao ditador português e logicamente na sua terra natal.

É uma lacuna na cultura portuguesa não existir ainda um museu dedicado a um período tão significativo da nossa História que já tem suficiente distanciamento - 50 anos. 

 Para quem não me conhece posso garantir que não tenho a mínima simpatia ou afinidade com a ditadura sob a qual vivi contrariado uma boa parte da minha vida; mas até por isso entendo que deve ser dada informação histórica aos portugueses, sobretudo aos mais jovens que não viveram essa época nefasta, mas ouvem hoje relatos facciosos de alguns saudosistas e podem acreditar nessas louvaminhas.

Posso informar que existe em Gori.  na Geórgia, o Museu de Estaline, natural daquela pequena cidade; trata-se de uma instituição meramente histórica, sem nada de apologético, mas importante porque trata da vida duma personagem crucial da História Mundial do seculo XX. Até a pequena casa térrea onde ele nasceu está preservada. No final da visita entra-se numa sala onde se mostram fotografias de diversas atrocidades mandadas fazer pelo ditador soviético, sem comentários.

Em Portugal há a obrigação cultural e histórica de apresentar a vida de Salazar, na sua terra natal, sem apologia, porque um período tão longo da História de Portugal - quase 50 anos do século XX- não pode ser ignorado. São precisos historiadores idóneos, e Fernando Rosas será um deles certamente, para que o Museu de Salazar e do salazarismo fique como marco do nosso percurso   cultural e histórico do seculo XX.

Já agora, passa-se o mesmo com um Museu dos Descobrimentos, falta a coragem, a decisão e a sabedoria para colocar historicamente o nosso passado das navegações e do colonialismo que praticámos adequado á época em que as navegações tiveram lugar, fruto do nosso envolvimento com o Renascimento. Mas essa é outra estória."

 Continuando

Progressivamente foi sendo entendido por um publico mais vasto que a Terra é um sistema e que se afectarmos drasticamente um elo do sistema os demais entram a funcionar mal - responsabilidade do qe se passa n globo é de todos , cada um de nós interferindo isoladamente ou em grupo. Planificar a economia faz cada vez mais sentido: a formação dum bloco como a União Europeia deverá ter como um dos principais  objectivo implementar um planeamento global, equilibrando a componente com que cada Estado membro pode contribuir.

Dois economistas com sentido ecológico, William Ramsey e Claude Anderson em 1974 proclamaram que a planificação deve desempenhar uma função fundamental na preservação do Ambiente para, dessa forma preventiva se compensarem as falhas do sistema de mercado livre.

Como os dois investigadores defendiam, a planificação da economia não  funciona se não for aplicada globalmente; de nada vale a uma nação a sua planificação isolada - por maior e mais decisiva que seja a sua intervenção no peso da economia global - porque aplicada a um só país fica desligado do que é processado nos outros países do continente ou do planeta .E aqueles autores deixam bem explicito: "O mundo que vamos ter dependerá  dos planos que fizermos agora. Se não formularmos nenhum, é muito possível que também não tenhamos mundo  nenhum".

Esta necessidade de uma economia de mercado social começa a fazer o seu caminho e, como sabemos, continua a ser contestada pelos liberalistas desde Friedman e a sua Escola de Chicago, que outras coisas não lhes interessam  senão o máximo lucro no menor tempo possível - a verdade é que estamos ciclicamente a caminhar nos mesmos sentidos que levam à convulsão social.

O presente tempo protagonizado por Trump e a camarilha que o rodeia com a suas cegueira fanática pelo negócio e pelo lucro, outra coisas não é senão o sentido extremo a que o liberalismo desenfreado nos leva. Perdem-se os valores civilizacionais que são universais mas que a Europa sempre (quase sempre...) cultivou, trocando-os por fortunas e poderio assumido selvaticamente sobre as comunidades menos poderosas e desse modo espezinhadas friamente.  

Retomando  as reflexões iniciais,  foi na década de setenta do século XX que surgiram as primeiras grandes reacções ao caminho de desastre anunciado que a economia de mercado livre, por um lado,  e a economia estatizada por outro, estavam a conduzir a vida do planeta.

Porque se a economia liberal era inimiga de uma gestão conscienciosa  dos recursos da Biosfera, a economia estatizada como a da China e da URSS estava a cavar ainda mais profundamente o desastre ecológico mundial.

O maior atentado ambiental perpetrado no século XX foi a destruição quase total do Mar de Aral pela URSS.

continuará...

 Continuando neste tempo...

O crescimento  económico continua baseado no mercado liberal desregulado e nas ideologias produtivistas que apenas vêem o lucro imediato ou a curto prazo e por isso constituem a maior ameaça ao respeito pelos limites do crescimento .

Desde há várias décadas, desde meados do século XX, que investigadores e pensadores de várias nacionalidades postulam as suas preocupações  com o futuro se o crescimento económico não for contido dentro dos limites que garantam a sustentabilidade da Biosfera e dos seus recursos.

Paul Samuelson, considerado o pai da economia moderna, foi um neokeinesiano e depois de várias obras emblemáticas escreveu "Economics," várias vezes reeditado e traduzido, denunciando os processos intensivos da indústria e do urbanismo, com evidentes más consequências para o Ambiente. Foi ele um dos defensores da ideia de que se deixasse de usar o PIB como medida do bem estar económico, pois ao valor do PIB deveria ser acrescentado o custo social e ambiental do produtivismo, criando então o conceito de PBL - Bem Estar Liquido. e avisava então :"o smog e a poluição do ar podem chegar a alterar o clima, a contaminação das águas provocada pelos despejos, os dejectos industriais, os fertilizantes e os detergentes, até o calor produzido pelas centrais termoeléctricas -  nucleares ou não- , tudo misso transformou a nossa herança terrestre num campo de desperdícios".

Repare-se como estes as se estão na verdade a verificar.

Não posso deixar de citar um curioso facto que se encaixa neste tipo de reflexões: na segunda vez que fui ao Butan, o icónico pequeno país dos Himalaias, o Rei determinou que no seu país não figurava o PIB mas sim o PFB - Produto da Felicidade Bruta do povo.

Em 1948 já a UICN, no âmbito da UNESCO, propunha a distinção entre preservação da Natureza e conservação das Natureza; preservar é uma função estática, museográfica, enquanto  conservar é gerir. Percebeu-se  que os ecossistemas e a biodiversidade não podem, simplesmente ser preservados, antes têm que ser-climácico.

Nos anos 60 do século XX James Lovelock  concebeu a teoria  de Gaia,  a Terra Mãe, como um ser vivo que se auto-regula se nós não interferirmos demasiado nos seus ciclos energéticos e climáticos: o clima auto-regula-se  e só a sociedade industrial o perturba- teoria polémica mas que generalizou os conceitos de conservação dos ecossistemas que hoje são aceites  como indiscutíveis. Indiscutíveis por quem não é serio intelectualmente  ou agente de negócios a qualquer preço.

Como divertimento pode lembrar-se a história do Astérix e do Obélix e do chefe da aldeia Abraracorcix, que tinha  muito medo que o céu lhe caísse em cabeça, mas dizia sempre : "hoje ainda não é a véspera desse dia", portanto vamos lá tratar da vidinha...

Vamos continuando nestas reflexões...

 Tempo de crise

Eu escrevo estas pequenas crónicas mais para ficarem nom0 memória, mas nem dá vontade de escrever, tal é a indigência deste tempo que vivemos.

Os nossos politicos estão a desbaratar a democracia, e embora na vivência democrática haja espaço para os ataques e os malabarismos, há níveis de decência que são apanágio da ética republicana  que não devem ser ultrapassados e que muitos invocam mas,  infelizmente, são mais os que a atropelam.

Por cá,  este Montenegro é o típico chico-esperto, cínico e parlapatão, com cara  de sonso mas, como dizia a minha velha tia beirã, os sonsos são os piores. Depois da trapalhada em que se envolveu - e pelo "gelo que flutua" adivinha-se o iceberg que está submerso...- tem a lata de vir dizer que a queda do Governo se deve à oposição não aceitar o sucesso que o seu governo tem apresentado aos portugueses.

Temos depois um Presidente da República que perdeu já a sua influência, que era a intervenção pela palavra- falou demais durante estes anos todos e agora fala de menos. ´

É evidente que ele, sem publicidade, deveria ter chamado a Belém os dois lideres do PS e do PSD e fazê-los chegar a um entendimento.

É também evidente que Montenegro quis a toda a força acabar com o actual Governo, convencido que a polémica sobre a sua falta de ética irá morrer aqui - erro fatal, vai servir de motivo de toda a campanha eleitoral. Ele sabia que o PS tinha avisado que não apoiaria  uma declaração de confiança e mesmo assim, em vez de aceitar uma CPI. atirou com aquela macacada de aceitar uma CPI de 15 dias,   depois já era de um mês, quando todos sabem que uma CPI nunca leva menos de noventa dias - e é se for...

Custa a entender que o PSD se deixe arrastar para este caldo de baixa política. com tantos dos seus rapazes envolvidos em negócios que colidem com as funções governamentais. E devia este PSD ter o pudor de não invocar Sà Carneiro  e os fundadores do Partido.

Eu nunca me relacionei com Sá Carneiro, mas dei-me muito bem com Magalhães Mota, porque era ele que ia sempre, pelo PSD, nas viagens e visitas do 4º e do 6º Governos. Alem disso eu trabalhava fora das horas de serviço no atelier do GRT, na Rua Filipe Folque e, mesmo em frente, penso que era o seu escritório;  depois encontrávamo-nos no café  que existia - e ainda existe- no rés-do-chão do nosso prédio. E tínhamos mais um motivo de conversa - ambos fumávamos cachimbo e era motivo para conversas "especializadas"... Era um social democrata consciente e militante, não tinha nada a ver com  comportamentos videirinhos de tantos os psds de agora. Com pessoas como Magalhães Mota vivo, tal como com Sá Borges e outros fundadores, o PSD seria outra coisa.

Triste  tempo este em que vivemos, com o mundo a ficar baralhado e expectante com as diatribes que o Trump faz por todo o lado. Nem falo mais disso  agora.

PS- É execrável o que está a acontecer no nosso País.

Há Câmaras  Municipais, como a de Loures   (socialista e apoiada publicamente por António Costa) que estão a derrubar casas ilegais, pondo as famílias na rua sem procurarem saber se têm outro alojamento, e depois o Estado vem tirar as crianças aos pais por estes não terem condições dignas para as acolher!! 

Já  se viu maior desaforo?!!

 Fantochadas

Um cronista  de um jornal acabou de escrever: "Porventura o que mais surpreende no comportamento do Luis Montenegro dos últimos  dez dias  é a incompreensão face  ao que lhe está a acontecer" - como é que se  pode pensar     que o citado não compreende?! Dar-lhe o benefício da dúvida?

Compreende muito bem mas "faz-se de morto" - como é que um  advogado, mesmo que seja fracote, não sabia o que estava a fazer e não sabia a aldrabice em que se estava a atolar?

A falta de noção dos valores essenciais da civilização e da cultura, que têm sido os valores que cultivamos no pós 25 de Abril 74, é a marca deste tempo em que estamos a viver, e havemos de  dar graças aos deuses se não nos cair em cima uma cambada de políticos populistas, especuladores, veículos das autocracias mais imorais em ternos de vida colectiva.

Continuem a fazer da política esta troca de passa-culpas (o último governo  de A. Costa foi um caso exemplar pela  negativa) e maus tempos vão chegar,  não querendo fazer de Cassandra...

 Intervalo

Não pode deixar de nos preocupar a evolução do tempo em que vivemos.

Desde o famigerado Trump e a  quadrilha que o rodeia, no país mais importante do mundo,  até esta parcela de território à beira-mar implantada, é chocante a troca dos valores civilizacionais pelo negócio.

É um tempo terrível este em que, de um dia para o outro, se descobrem ligações espúrias entre pessoas que se elevam acima dos pobres mortais.

Trump descobre-se agora, pelo menos para os menos informados,  foi  "servidor"  de Putin que o ajudou a sobreviver em maus momentos- e agora troca a defesa da liberdade de um  país invadido por um autocrata perigoso e maníaco pelo negócio em que ele e os seus amigos vão ganhar fortunas. E Trump tem ao dispor talvez as  maiores forças armadas do mundo  ( em que situação se devem encontrar os principais chefes  militares?).

Por cá um primeiro ministro está a exercer o cargo e a receber  "mesadas" de empresas  privadas...

 Ao que nós já chegámos!

Tal está a moenga, hem?

 Este tempo em que vivemos

A  vida do mundo habitado pelos seres  humanos realiza-se por ciclos  do seu comportamento colectivo, mais ou menos  longos consoante  a civilização aumenta em conhecimentos, em tecnologias e em desenvolvimento de ideias ; houve tempo, no início, em que os homens acompanhavam os ciclos que a Natureza lhes impunha porque ainda eram parte integrante e integrada dessa Natureza.

Mas à medida que se foi consolidando o domínio do ser humano sobre os ecossistemas que o rodeavam, as  iniciativas e actividades das diferentes culturas foram-se distanciando da base natural. Depois a perspectiva de cada cultura sobre o meio  também se foi diversificando  - e as religiões  iniciais traduzem essa diversidade, nitidamente entre as ideias dos homens do que chamamos Ocidente e daqueles a que colocamos no Oriente ( visão que vale para nós que somos ocidentais).

No Génesis, da Bíblia judaico-cristã,  está lá bem explicitado que "enchei a Terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre  os animais que se arrastam na terra". Depois o homem cometeu o pecado original que foi ter comido o fruto proibido do conhecimento  e daí em diante rompeu as suas ligações ecossistémicas até ter aprendido à sua custa que deve servir-se da tecnologia de que dispõe em cada tempo histórico para reconstruir ecossistemas de substituição.

No Oriente Buda ensinava que todos os seres vivos estejam em segurança e paz, os seres  fortes e os seres fracos, grandes ou pequenos visíveis ou invisíveis, próximos ou distantes, já nascidos ou ainda por nascer. 

Daí que também aqui  o homem tenha aprendido, mas  mais cedo, a usar a Natureza sem a hostilizar.

São duas mentalidades opostas que traduziam a diferença  básica  do comportamento entre os seres humanos e o meio - no entanto,  e apesar dessas diferenças de mentalidade, um facto ressalta: o comportamento dos seres humanos entre si, as suas  relações, repetem-se ao longo dos milénios.

continua

O desprezo pelo bom senso e pela   vergonha

Estamos a viver um tempo em que  o bom senso e a vergonha, nas relações entre os homens e entre  as nações, entraram em rotura.

Cá pela terra ainda não pararam as poucas vergonhas dos politicos que parece ignorarem totalmente o mal que estão a fazer à  democracia - já dura há 50 anos,  muitos mais do que a 1ª República,  mas nunca nestas décadas estivemos  tão em crise como agora. 

E pelo mundo fora,  ficamos abismados com a pouca vergonha das decisões dum fantoche chamado  Trump e do gang que o acompanha - como é possível que os norte americanos que já tiveram grandes  Presidentes, agora aceitem um tipo destes craveira tão baixa? 

É um especulador como dizem que foi toda a vida, mas chegar ao extremo de se portar agora com se fosse já dono do mundo, insultando Chefes de Estado e tratando toda a política como um negócio especulativo, ultrapassa tudo aquilo que é admissível!!

Até custa escrever sobre estas poucas vergonhas.

 A famigerada lei dos solos

A lei dos solos teve um mérito -  trazer á luz do dia a quantidade de gente envolvida. Desde o Secretário  de Estado do Ordenamento que se demitiu, não  por vergonha mas por quase imposição do Governo,  saltam como coelhos da toca outros grandes do Governo desde o Ministro do OT, em cujo ministério   se desenvolveu a famigerada lei, até   ao  próprio  primeiro-ministro. Mesmo que não fossem ilegalidades. dava muito mau nome manterem aquelas empresas... 

Mais uma vez reitero a certeza de que foi uma estratégia  em prol da liberdade dos mercados, tipicamente neoliberal, o retirar o Ordenamento do Território do Ministério do Ambiente para o colocar neste da "Coesão" territorial: foi para possibilitar esta disputa à tripa forra dos solos, negociatas com a REN e a RAN e desbaratar o trabalho que ao longo de mais de quatro  décadas se conseguiu fazer para equilibrar  o uso do espaço português.

E a  primeira notícia ai está: a Câmara Municipal de Miranda do Douro alterou a delimitação da REN para construir um hotel; por mero acaso a Câmara é da responsabilidade do PSD e CDS...

Ainda a democracia 

Com esta  subida do Trump à presidência dos EUA vamos atravessar uns anos de aflição, com aquele energúmeno a mandar - a querer mandar - em todo o mundo e com uma corja de autênticos sabujos à sua volta a darem cobertura.

Bastou uma conversa ao telefone com o estupor do Putin, para o nosso sagaz presidente  mudar a opinião que tinha umas semana atrás, o que revela uma absoluta falta de conhecimentos, de inteligência e de cultura. As baboseiras  que o alarve disse sobre a Ucrânia e sobre a guerra que o ditador, ex-comunista agora fascista, fez rebentar na Europa, bradam aos céus e mostram como bastou um conversa  com  um  seu igual em ideias para ele mesmo mudar a sua posição.

As autocracias estão num ciclo de  crescimento e vai ser necessária uma sábia resiliência das democracias para ultrapassarem esta crise que pode durar anos. As eleições na Alemanha vão ditar alertas sobre este ciclo que varre o mundo, vai ser uma prova da robustez da consciência  democrática dos europeus  e de outros povos que ainda são democracias.